Esse Obscuro Objeto do Desejo explora as interseções entre abstração, percepção, desejo e memória através do trabalho de artistas que compartilham um interesse na morfologia do desejo. O desejo produz uma ansiedade desenfreada, não menos poderosa por falta de um objeto específico. Às vezes, não sabemos o que queremos. Às vezes, o que queremos é instável e variável, ou opaco e elíptico, como uma forma que paira à beira do nosso campo de visão sem que possamos colocá-la em foco. Afinidades tênues e diferenças mínimas tornam-se importantes. Dúvida e ambiguidade são a moeda do reino.
A exposição leva seu título a partir do filme homônimo de Luis Buñuel, de 1977, no qual um protagonista de meia-idade é repetidamente seduzido, frustrado e abandonado por uma mulher misteriosa e imprevisível. A personagem principal é desempenhada por duas atrizes de aparências e temperamentos contrastantes. A súbita passagem entre elas em cenas alternadas serve para reforçar a ambivalência e a confusão do protagonista. A exposição toma essa concepção poética como instrumento de organização, com ações concomitantes em São Paulo e no Rio de Janeiro, se tornando uma forma emparelhada. Será impossível ver a mostra por inteiro de uma só vez, assim como há algo na natureza da mulher do filme, o objeto do desejo, que sempre escapa do alcance do protagonista.
“Esse Obscuro Objeto do Desejo”
Curadoria: Philip Larratt-Smith
Abertura: 17 Março (Rio de Janeiro e São Paulo)
Visitação: até 28 Abril; terça a sexta, 10–19h; sábado, 10–18h
Carpintaria: Rua Jardim Botânico, 971, Rio de Janeiro
Fortes D’Aloia & Gabriel: Rua Fradique Coutinho, 1500, São Paulo