Eneida Sanches estudou Arquitetura e Belas Artes na Universidade Federal da Bahia. Seu trabalho de pesquisa sobre estética africana e afro-brasileira teve início em 1990 e entre 1995 e 2000 estudou gravura em metal nas oficinas do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Já recebeu prêmios como o XXIV Salão do Museu de Arte Moderna da Bahia MAM-Ba em 2007, teve diversas publicações e participações em residências. Participa de exposições pelo Brasil e exterior desde 1992, quando começou a desenvolver um trabalho com ferramentas do uso litúrgico do Candomblé iorubá que deu origem a sua série “Transe”.
O percurso da obra “Transe” inicia-se em 1992, a partir de uma visita ao Mercado São Joaquim em Salvador, na Bahia. Ao deparar-se com olhos de boi ali vendidos para práticas rituais do Candomblé, Eneida decide gravá-los em metal e imprimi-los. Os olhos do boi são um elemento ritual utilizado para desarmar um feitiço, o do mau-olhado, também dito olho-grosso. Os painéis de olhos de boi são executados a partir da rotação das gravuras sobre seus ângulos e matizes, conseguidos pela tiragem sucessiva sobre a mesma matriz sem acréscimo de tinta. O efeito causado pela alternância de sua disposição nos fios de aço induz o olhar à ilusão de um movimento.