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Primeiro documentário de Steve McQueen cruza passado nazista com cenas da pandemia

O filme que estreia dia 17 de maio no Festival de Cinema de Cannes promete quatro horas de um enredo intrigante

por Giovana Nacca
Retrato de Steve McQueen. Imagem via tvdailycom

Cerca de oitenta anos depois, os sintomas do nazismo ainda ecoam na contemporaneidade? Cenas do passado e do presente se cruzam no documentário Occupied City, que estreia no Festival de Cinema de Cannes em 17 de maio. Sob direção de Steve McQueen, o longa metragem apresenta vistas atuais de Amsterdam, enquanto a narração de Melanie Hyams descreve o que aconteceu naqueles mesmos locais durante a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas governavam: prisões, execuções, traições, atos de desumanidade e, às vezes, atos de heroísmo.

A direção desta obra de arte é de Steve McQueen, um renomado cineasta e artista britânico, que, em seus trabalhos, aborda questões urgentes de representação, identidade e história. Hoje McQueen vive na capital da Holanda com sua esposa, a jornalista, escritora e cineasta holandesa Bianca Stigter, que escreveu o livro “Atlas of an Occupied City, Amsterdam 1940-1945”, no qual o longa-metragem é baseado. 

O documentário, que tem um pouco mais de quatro horas, foi filmado durante a pandemia da Covid-19 e, por isso, traz imagens de protestos, distribuição de vacinas e ascensão do nacionalismo de direita em países como Rússia, Estados Unidos, Brasil e outros. 

Crédito: Family Affair Films & Lammas Park / Divulgação

O diretor diz que ficou impressionado com uma certa ligação entre a pandemia e a ocasião da Segunda Guerra. “Em nossa vida, em minha vida, não houve nada parecido desde a Segunda Guerra Mundial”, observa ele. “Todos estavam envolvidos nessa crise [da pandemia]. Frequentemente, acontece algo em algum lugar distante com o qual você nem está envolvido. Você liga a TV e desliga. Mas isso é algo em que todos nós estávamos envolvidos.”

Além das semelhanças históricas, os locais que foram cenários das gravações também carregam memórias obscuras. O rio Amstel, onde hoje correm barcos turisticos, há oito décadas levava corpos de judeus que se jogaram ali para não enfrentar a morte cruel das forças de ocupação nazistas. Os bancos das praças públicas, sobre os quais hoje as famílias se reúnem num dia ensolarado, na era nazista, eram especificamente proibidos para judeus sob pena de ser deportado para trabalhos forçados na Alemanha. 

“O fato é que isso pode acontecer novamente”, diz McQueen. “Não é algo que é uma espécie de conto de fadas, aconteceu no passado. Isso poderia acontecer novamente com bastante facilidade. Os paralelos estão aí para todo mundo ver.”

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