Em julho do ano passado o artista britânico Damien Hirst iniciou um projeto intitulado Currency, que consistia em criar 10.000 NFTs (Tokens Não Fungíveis) que correspondiam, cada um, a uma obra criada por ele em 2016. Os trabalhos, uma série de pinturas de pontos coloridos, foram colocados à venda por sorteio pelo valor de 2000 libras cada. Os compradores das obras, no entanto, tiveram um ano para fazer uma escolha: ficar com a versão física e ter o NFT correspondente atribuído a um endereço inacessível ou ficar com o NFT e ter a versão física queimada.
Agora, um ano depois do início do projeto, as decisões já foram feitas e os resultados, divulgados pelo artista há pouco, foram equilibrados: 5.149 optaram pela versões físicas enquanto 4.851 optaram pelas versões NFT. Isso significa que, para concluir o projeto e fazer aquilo a que Hirst se propôs no início, ele irá queimar cada uma das 4.851 versões físicas neste próximo outono europeu. Vale ressaltar que 1.000 unidades dos trabalhos foram mantidas por ele mesmo, que teve que passar, assim como os compradores, pela escolha.
“Em um primeiro momento eu pensei em escolher metade das versões NFT e metade físicas, depois pensei em optar por todas as versões digitais e depois voltei ao papel. No fim, decidi que eu mesmo tinha que acreditar completamente no poder do digital e escolhi as 1000 versões NFT, mesmo que isso signifique que eu terei de queimar as obras físicas correspondentes”, disse o artista em um vídeo sobre o projeto.
O objetivo do projeto era jogar com a questão que envolve arte, dinheiro, valor e digital. “Eu nunca entendi direito o dinheiro. Todas essas coisas: arte, dinheiro, comércio são etéreas, baseadas apenas em crenças e confiança.”, coloca o artista ainda no mesmo vídeo. Ao todo, o Currency já lucrou mais de 89 milhões de libras, isso sem contar o valor dos NFT nos mercados secundários. Se Hirst não entende direito o dinheiro, pelo menos ele ainda é bom em fazê-lo.