Artnet News acaba de divulgar o seu Artnet Intelligence Report 2022 – edição de primavera , onde apresenta dados sobre jovens artistas que estão crescendo no mercado de arte. As pesquisas mostram que as vendas em leilões de trabalhos feitos por artistas nascidos após 1974 não apenas continuaram subindo durante a pandemia, mas explodiram, atingindo 305% entre 2019 e 2021.
Os dados também revelam que esses talentos emergentes têm outro ponto em comum além da idade: a maioria nasceu, vive ou tem ascendentes na África Ocidental. Selecionamos cinco desses artistas que você precisa colocar no seu radar:
Njideka Akunyili Crosby – 39 anos
Crosby nasceu em Enugu, Nigéria em 1983. Mas foi graças à sua mãe ter ganhado a loteria do Green Card de imigração do governo dos EUA, que ela se mudou para a Pensilvânia com a irmã aos dezesseis anos, e conseguiu obter seu diploma em biologia e, depois, em artes visuais.
Buscando refletir sobre a experiência do deslocamento geográfico, a artista cria colagens e pinturas baseadas em transferências de fotos que evidenciam os desafios de ocupar esses dois mundos. Em suas telas, Crosby incorpora tecidos de sua infância; fotos antigas de família; plantas da sua cidade natal junto às de Los Angeles; sapatos e roupas tradicionais ao lado de vestimentas cosmopolitas. Os objetos transmitem uma sensação de intimidade e, ao mesmo tempo, estranheza por transitarem entre mundos, justapondo cenários conflitantes.
No início de 2018, uma pintura tipicamente em grande escala de Crosby – intitulada The Beautyful One – foi vendida por US$ 3 milhões em Londres pela Christie’s Auction House – apenas alguns meses depois que ela recebeu o prestigioso prêmio de “Genius Grant” da Fundação MacArthur no valor de US$ 624.000.
Lynette Yiadom-Boakye – 45 anos
De ascendência ganesa, Lynette Yiadom-Boakye nasceu em 1977 em Londres, onde vive, trabalha e expõe amplamente. Yiadom-Boakye já recebeu prêmios renomados como o Future Generation Art Prize e Carnegie, além de ter sido a primeira mulher negra indicada ao prestigioso Turner Prize. Em 2017, a artista também participou do pavilhão inaugural de Gana na 57ª Bienal de Veneza. Seus trabalhos foram adquiridos por museus em todo o mundo, incluindo MoMA, em Nova York e já bateram recordes em leilão, atingindo mais de U$1,5 milhão na Sotheby’s.
Os retratos exuberantes e enigmáticos de Yiadom-Boakye colocam personagens fictícios negros – provenientes de revistas, álbuns ou da imaginação da artista – em situações evocativas para falar sobre identidade e representação. Essas figuras possuem um caráter atemporal, pois Yiadom-Boakye raramente inclui qualquer coisa que sugira o estilo, moda ou cultura de um período específico, exigindo que o espectador use sua curiosidade, invenção e imaginação para interpretar as pinturas da artista. “Nunca quis ficar presa a um período em particular, pois o que estou falando transcende o tempo” – a artista explica.
Emily Mae Smith – 43 anos
Emily Mae Smith é uma artista visual texana que atualmente vive e trabalha no Brooklyn, Nova York. Com um toque de humor a partir de uma perspectiva feminista, suas figurações combinam elementos do surrealismo e simbolismo com um espelho do século XXI. Sob essa sagacidade visual, seu principal tema gira em torno dos mitos falocêntricos da história da arte. Sua resposta nasce da criação imagens para subjetividades ausentes na cultura visual inserindo um senso feminino em estilos de pintura antigos e tradicionalmente masculinos. Um dos personagens recorrentes em seu trabalho é uma vassoura que pode fazer referência tanto ao trabalho doméstico, tido como feminino, quanto ao pincel de pintor – um símbolo fálico.
Seu trabalho pertence a várias coleções públicas – incluindo o Whitney Museum of American Art – e já foram vendidas por preços de sete dígitos no mercado secundário.
Amoako Boafo – 38 anos
Nascido em 1984 em Acra, Gana, Boafo cresceu querendo ser artista, apesar da falta de uma grande infraestrutura artística em sua comunidade. Mudou-se para Viena em 2014 e começou uma série de retratos de figuras negras com a influência de artistas comoo austríaco Egon Schiele. Seu avanço sucedeu quando ele optou por usar os dedos para pintar em vez de um pincel, projetando um contraste de textura impressionante em suas obras.
Seus retratos são notáveis pelas cores e padrões ousados que expressam a vibração da vida cotidiana com uma familiaridade fácil, tocando em tópicos que desafiam a representação objetificada e desumaniza da negritude. A ternura do artista na maneira de retratar seus temas, as poses únicas dos personagens e o tratamento são as qualidades mais marcantes de seu trabalho.
Em 2018, o artista Kehinde Wiley descobriu a página do Instagram de Boafo e comprou uma obra, além de enviar seu trabalho para seus próprios galeristas. Esta introdução levou Boafo a uma exposição individual na Roberts Projects em Los Angeles. Desde então o trabalho dele gerou uma repercussão internacional. Em 2020 ele foi destaque no The Artsy Vanguard e na peça editorial artística The Most Influential Artists depois de fazer uma surpreendente estreia no mercado secundário: seu retrato The Lemon Bathing Suit (2019) foi vendido por £ 675.000 na Phillips London. Desde então, seu trabalho foi vendido por mais de US$ 1 milhão e adquirido por coleções do Museu Guggenheim, em Nova York, do Museu de Arte do Condado de Los Angeles, e do Museu Albertina de Viena.
Otis Kwame Kye Quaicoe – 34 anos
Otis Kwame Kye Quaicoe é um retratista cuja paleta de cores é sua própria linguagem. Quaicoe nasceu em Gana em 1988, e estudou na Ghanatta College of Art and Design em Accra, onde conheceu o artista Amoako Boafo. No entanto, sua prática realmente floresceu depois da faculdade, quando ele começou a experimentar com a linguagem fotográfica em suas pinturas.
Ao criar as telas, o artista dedica uma notável atenção às roupas e ao comportamento de seus modelos que são elegantemente vestidos por Quaicoe. Ao capturar olhares atentos e comoventes de seus protagonistas, o artista aborda a representação negra contemporânea, a cultura da alfaiataria e a diáspora africana.
O imediatismo de seus retratos lhe rendeu fãs em todo o mundo. Ele expôs em galerias em Accra, Pretória, Portland, Los Angeles e Nova York, e sua pintura Shade of Black foi arrematada por US$ 250.000 em leilão na Phillips quando sua estimativa era de apenas US$ 30.000.