Confira obras imperdíveis da feira temática Art Basel OVR: Pioneers

Edição temática e totalmente virtual da célebre feira busca enfatizar artistas que foram pioneiros em diversos aspectos, seja nas temáticas que abordaram em suas obras ou nos materiais e mídias utilizados

por Jamyle Rkain
8 minuto(s)
Isaac Julien, Lina Bo Bardi – a marvellous entanglement, 2019

Abre para o público geral nesta quinta-feira, 25 de março, uma edição inteiramente online e especial da Art Basel! Na Art Basel OVR: Pioneers, o público poderá conferir seleções de obras de artistas que foram pioneiros em seus fazeres artísticos, seja por abrir novos caminhos estéticos, conceituais, no que diz respeito a temas sócio-políticos e também na utilização de novas mídias. São 100 galerias de 25 países participando, das quais cinco são brasileiras: Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Nara Roesler, Mendes Wood DM, Bergamin & Gomide e Galeria Luisa Strina.

Em sua comunicação oficial, a feira destacou a conversa entre trabalhos das séries ‘Monotipos’, ‘Little Nothings’ e ‘Little Stubs’, de Mira Schendel, que a galeria Bergamin & Gomide promove em sua viewing room. Também em evidência estão os trabalhos que o artista Paulo Nazareth apresenta obras da série Bestiário do Capital no estande da Galeria Mendes Wood DM, que evocam discussões políticas e sociais urgentes em torno de questões como a imigração e colonialismo.

A Galeria Luisa Strina, por sua vez, leva uma série de trabalhos de Cildo Meireles que apontam investigações em torno da herança africana no Brasil na década de 80, uma faceta pouco conhecida do artista. Além disso, são apresentados dois trabalhos de Panmela Castro, que passou a ser representada recentemente pela galeria e desenvolve apontamentos sobre políticas de gênero e raça a partir de sua vivência. Também estão presentes obras de Fernanda Gomes e Anna Maria Maiolino.

Jac Leirner e Leda Catunda estão em um diálogo bastante interessante na viewing room da Fortes D’Aloia & Gabriel, que ressalta o pioneirismo de ambas nos anos 80 em relação ao materiais utilizados para compor suas obras. Os trabalhos fotográficos de Isaac Julian que ressaltam sua faceta multidisciplinar são os destaques de uma individual do artista no estande online da Galeria Nara Roesler, incluindo o recente Lina Bo Bardi – a marvellous entanglement!

Veja abaixo outros trabalhos na Art Basel OVR: Pioneers que merecem a sua atenção quando você for navegar pela plataforma digital da feira!

Carolee Schneemann, Study for Up to and Including Her Limits, 1973

Na performance Up to and Including Her Limits, que Carole realizou nove vezes entre 1971 e 1976, ela registra as linhas que seu corpo suspenso no espaço, considerando os movimentos que fazia com ele para cima e para baixo. Na sua trajetória, ela destacou-se como pioneira ao abordar questões feministas e políticas de maneiras que surpreenderam o público! No estande da Galerie Lelong & Co. na Art Basel OVR: Pioneers, trabalhos dela figuram junto a obras de outras três artistas que tiveram esse tipo de atuação em suas trajetórias Ana Mendieta, Nancy Spero e Mildred Thompson.

Antoni Tàpies, Jo parlo amb la mà (I speak with my hand), 1999

Na obra Jo parlo amb la mà, de 1999, o artista espanhol Antoni Tàpies faz uma recapitulagem do tema do corpo, depois de passar um tempo trabalhando outras questões. Derivado da série de desenhos Mirà la mà, que realizou um ano antes, o artista explica que essa temática procura evidenciar: “A mão que olha, que escuta, que fala, que acaricia, que esconde, que indica, que grita, que mata? Metonímia do corpo, mas também um caminho de fuga”.

Allana Clarke, Sovereign, 2021

Sovereign

Nascida e criada em Trinidade e Tobago, a artista Allana Clarke radicou-se nos EUA e nos últimos anos passou a realizar uma série na qual cria esculturas de parede com um material chamado cola para cabelo. Algumas dessas obras estão expostas no estande da Galerie Thomas Zander na Art Basel OVR: Pioneers. “Este material tem um significado pessoal e cultural, pois são processos de alteração que vivi quando cresci. O que agora chamo de rituais que me doutrinam em um mundo que é anti-negro. (…) Esses processos visam me remover das noções de negritude. Cabelo preto sendo político e “radical”. Ainda assim, é impossível extrair meu corpo da narrativa da negritude, nem isso deveria ser um desejo, mas é o legado que me foi passado. Trazer esse material para o estúdio é uma forma de lidar com essas complexidades. Despejando grandes quantidades do material sobre uma superfície plana, assim que começa a curar, começo a agir, trabalhando intuitivamente para desfamiliarizar o material. Deste processo emerge um novo ritual orientado para a ressurreição e cura”, ela explica.

Penny Siopis, Shame (Hush little baby), 2002 – 2005

Em sua série de obras intitulada Shame, Penny Siopis faz uma análise das relações de poder nos espectros psicossexual e político. Shame se tornou uma série icônica, que indica uma preocupação com um estado de vergonha pública e psicológica, que encontram grande ressonância em uma era de crescentes discussões sobre gênero, cultura do estupro e consentimento. Essas obras estão no estande da Stevenson junto ao filme Shadow Shame, que transita pela mesma discussão.

Sonia Delaunay-Terk, Rythme couleur, 1971

Localizada em Paris, a Galerie Zlotowski apresenta nesta edição especial da Art Basel oito obras em papel da pioneira da abstração Sonia Delaunay. Esses trabalhos foram realizados entre 1914 e 1917 e evidenciam a linguagem pictórica baseada em cores rítmicas que foi desenvolvida por ela no início do século XX e foi crucial para abrir caminhos para as mulheres artistas abstratas do pós-guerra.

Jose Bedia, Bacheche – Nsila – Bundanga (tríptico) , 2020

O artista cubano José Bedia tem um estande solo na Fredric Snitzer Gallery com trabalhos recentes, realizados entre 2020 e 2021! Para a realização desses trabalhos, que coloca juntos na série African Backdrop, ele Bedia trabalhou em colaboração com tecelões na África Ocidental. Foram, então, produzidos tecidos feitos à mão para serem utilizados como pano de fundo para suas pinturas neo-primitivistas, que são uma síntese de tradições artísticas em culturas tribais na África e nas Américas indígenas.

Nesta obra, a artista Maria Pinińska-Bereś reencena uma performance que realizou em 1980. Nela, ela lava à mão lençóis brancos, num processo de trabalho doméstico. Logo, ela estende as roupas em um varal, exibindo em cada tecido uma letra. A reunião desses lençóis no varal acabam soletrando a palavra ‘feminismo’. A realização desse trabalho veio para encerrar um ciclo de perguntas que faziam para ela, que era sempre indagada se seu trabalho era ou não feminista. O trabalho está no estande da The Approach.

Sue Williamson, Truth Games – Graca Machel – prokoved disaster – Magnus Malan, 1998

A Goodman Gallery apresenta um estande individual da artista Sue Williamson, reunindo tanto trabalhos de sua série icônica Truth Games quanto obras mais recentes. Em Truth Games, ela destaca uma série de casos apresentados à Comissão de Verdade e Reconciliação da África do Sul (TRC), das quais participou como ouvinte das audiências e esteve diretamente envolvido em um dos casos. São evidenciadas fotos de acusadores e defensores em tribunais, colocando-as frente a frente e dividido-as por uma imagem que reflete o crime, com todas as imagens e textos extraídos diretamente de relatos de jornais sobre as audiências.

Gretchen Bender, TV Text Image (PEOPLE WITH AIDS), 1986

Artista pioneira que buscava interrogar os efeitos da mídia de massa utilizando vídeos, esculturas, fotografias, dentre outras linguagens, Gretchen Bender tem uma viewing room individual na Metro Pictures. Na série apresentada, TV Text Image, ela aplica palavras e frases diretamente às telas de monitores que reproduzem feeds de televisão ao vivo, visando se contrapor e manipular as imagens que estão sendo veiculadas, denunciando como os meios de comunicação moldam as informações que transmitem.

Lawrence Weiner, HUNG BY A THREAD / TIED AT THE END / THROWN AWAY / BOUNCED ALONG / KICKED OUT, 2008.

Os minimalistas estão com tudo na viewing room da galeria alemã Konrad Fischer Galerie. O estande foi intitulado Pioneers of Conceptual Art and Minimalism e traz trabalhos de Carl Andre, Bernd & Hilla Becher, Alan Charlton, Jan Dibbets, Sol LeWitt, Richard Long, Bruce Nauman e Lawrence Weiner. Este último é referência no uso da linguagem como principal veículo de trabalho, imprimindo textos em paredes e transferindo ao espectador a responsabilidade de realização da obra de arte. “Eu não tinha a vantagem de uma perspectiva de classe média. Arte era outra coisa; arte eram as anotações na parede ou as mensagens deixadas por outras pessoas. Cresci em uma cidade onde havia lido as paredes; Eu ainda leio as paredes. Adoro colocar trabalhos meus nas paredes e deixar que as pessoas os leiam. Alguns vão se lembrar disso e então alguém vem e coloca algo mais sobre ele. Torna-se arqueologia em vez de história”, declarou sobre os trabalhos em 2013.

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