Confira 10 esculturas icônicas da Donum Collection

Um palco a céu aberto onde arte monumental, vinhedos californianos e natureza se encontram em um destino único

por Luiza Alves
7 minuto(s)

Fundada em 2011 pelo casal de empresários e colecionadores Allan e Mei Warburg, a Donum Collection é um dos mais deslumbrantes destinos para a união entre arte e natureza. Localizada em um terreno de 81 hectares na região vinícola da Califórnia, mais especificamente no condado de Sonoma, a história da propriedade remonta ao início dos anos 80, a partir da figura de Anne Moller-Racke.

Vinda da Alemanha com sua filha, Anne trabalhou inicialmente na administração da vinícola Buena Vista e, pouco tempo depois, no início dos anos 90, tornou-se vice-presidente da vinícola. Foi ela quem plantou as vinhas originais da propriedade em 1997. Em 2001, quando a família Moller-Racke, proprietária original da Buena Vista, vendeu a propriedade para os Warburg, eles optaram por manter os vinhedos Carneros, mas renomear a propriedade como The Donum Estate. Este se tornaria o projeto de Anne e a obra de sua vida, e ela é hoje presidente e viticultora do local.

Nascido na Dinamarca, Allan passou grande parte de sua vida na Ásia, onde conheceu sua esposa e também criou laços estreitos com artistas da região, passando a adquirir esculturas e a frequentar ateliês de personalidades como Ai Weiwei, Zhan Wang, Gao Weigang e outros. Criadas inicialmente para apreciação particular, as obras são, em sua maioria, comissionadas e nasceram da relação direta entre o casal e artistas próximos ao seu ciclo pessoal.

Em entrevista à Lampoon Magazine, Allan Warburg explicou o processo de incorporação das obras à coleção: “Tudo começou com o conhecimento dos artistas. Isso naturalmente levou à aquisição de suas obras e à construção de uma coleção. Começamos a construir relacionamentos e nossa coleção começou a tomar forma. Antes de encomendar qualquer coisa, passamos um tempo juntos em Donum, bebendo vinho e caminhando pela propriedade. Então, chegamos a uma ideia com um local em mente para uma obra de arte. Quando você reúne cada um desses elementos, algo acontece – nem sempre um mais um é igual a dois”.

Lar de esculturas de alto nível incorporadas à extensa floresta e diversas parreiras de uva, a Donum conta com 60 trabalhos de artistas como Fernando Botero, El Anatsui, Yayoi Kusama, Ugo Rondinone, William Kentridge, Jaume Plensa, Lynda Benglis, Anselm Kiefer, Tracey Emin e muitos outros. Além de incorporar algumas obras nos rótulos dos vinhos que lá são produzidos, o negócio também trabalha com práticas e produtos de agricultura orgânica regenerativa que respeitam o solo, os diversos organismos que habitam o vinhedo e as terras ao redor. Isso inclui também o plantio de arbustos de lavanda, colmeias, um pomar com mais de cem ameixeiras, bosques de eucalipto, oliveiras centenárias e uma horta orgânica que fornece produtos para os restaurantes ao redor da propriedade.

A seguir, conheça algumas das icônicas obras que fazem parte da coleção:

Lynda Benglis, “Pink Ladies”, 2014

“Pink Ladies”, 2014 de Lynda Benglis

Com cores vívidas e formas orgânicas, Pink Ladies é uma fonte de poliuretano rosa criada por Lynda Benglis. A ideia surgiu durante um festival de pipas em Ahmedabad, na Índia, ao observar uma pipa cor-de-rosa flutuando no céu. Desde os anos 1960, quando começou a derramar látex no chão em esculturas planas e brilhantes, a artista desenvolve uma prática marcada pelo movimento, pela fluidez e por uma ligação intuitiva com o mar — tema recorrente em sua obra, associado a sensações de flutuação, instabilidade e expressão do inconsciente.

Louise Bourgeois, “Crouching Spider”, 2003

“Crouching Spider”, 2003, de Louise Bourgeois

Crouching Spider é uma das primeiras aranhas monumentais de Louise Bourgeois feitas em aço, em vez de bronze — o que torna as marcas de solda mais visíveis e lhe confere uma aparência mais realista. Apesar de sua suscetibilidade aos elementos, exigindo uma estrutura protetora, Bourgeois via a aranha assustadora como uma criatura benigna, representando sua mãe, uma restauradora de tapeçarias engenhosa e inteligente.

Anselm Kiefer, “Mohn und Gedächtnis (Poppy and Memory)”, 2017

“Mohn und Gedächtnis (Poppy and Memory)”, 2017 de Anselm Kiefer 

Representando um avião de guerra em tamanho real, Mohn und Gedächtnis (Papoula e Memória) é uma escultura feita de chumbo e zinco, modelada a partir de uma aeronave do século XX que pertenceu ao próprio Anselm Kiefer. Incapaz de voar e com aparência envelhecida e desgastada, a obra remete às imagens em preto e branco dos combates da Segunda Guerra Mundial.

Jaume Plensa, “Sanna” 2015

“Sanna” 2015, de Jaume Plensa

Conhecido por suas cabeças gigantes que povoam cidades como Chicago e Londres, Jaume Plensa tem em Sanna uma obra notável. Parte de uma série de monumentais cabeças femininas, ‘Sanna’ (2015) retrata uma jovem em meditação. Feita de fibra de vidro cor alabastro para parecer mármore, a escultura muda de perspectiva conforme o observador se aproxima, convidando à interação no espaço público.

Sanford Biggers, “Oracle”, 2021

“Oracle”, 2021 de Sanford Biggers

Parte da série Chimera, Oracle funde elementos africanos e europeus para explorar representações históricas do corpo e dinâmicas de poder. A obra traça paralelo entre o embranquecimento de esculturas clássicas ocidentais e o “embranquecimento” da arte africana, frequentemente desprovida de suas cores e contextos originais. O trabalho destaca ainda como artistas africanos, mais tarde, reapropriaram essas formas para públicos ocidentais.

Rebecca Manson, “Crowded Bed”, 2022

“Crowded Bed”, 2022 de Rebecca Manson

Composta por imponentes caules de aço inoxidável e flores artesanais pintadas em uma paleta saturada e melancólica, a escultura ‘Crowded Bed’, de Rebecca Manson, convida o observador a um jogo de perspectivas. Do ponto de vista de quem a vê, as flores parecem competir enquanto se alongam em múltiplas direções, estendendo-se em direção ao céu. Por meio dessa instalação, Manson busca transmitir um sentido contínuo de transformação e a inevitabilidade da mudança e da passagem do tempo.

Yayoi Kusama, “Pumpkin”, 2014

“Pumpkin”, 2014 de Yayoi Kusama

Se há um vegetal proeminente na vida e na obra de Yayoi Kusama, é a abóbora. Sua primeira pintura teve a abóbora como tema, e ela segue presente em seus trabalhos desde os anos 1950. A instalação Mirror Room (Pumpkin), apresentada na Bienal de Veneza, transformou uma sala em um vasto campo dessa figura salpicada, cujas marcas naturais inspiraram os pontos repetitivos característicos da artista.

Marc Quinn, “The Architecture of Life”, 2013

“The Architecture of Life”, 2013 de Marc Quinn

A escultura monumental de Marc Quinn, The Architecture of Life, é uma reprodução ampliada em bronze de uma concha Stellaria solaris, feita com tecnologia 3D. Embora tenha proporções monumentais, Quinn deseja que a obra pareça um objeto encontrado — algo que já foi vivo, cuja carapaça rígida carrega as marcas do tempo e foi moldada para protegê-lo dos perigos da natureza.

Gao Weigang, “Maze”, 2017

“Maze”, 2017 de Gao Weigang 

O artista chinês Gao Weigang, que atua entre escultura e instalação, criou Maze a partir de tubos de aço inoxidável revestidos de latão que refletem a paisagem ao redor. A obra provoca uma ilusão de ótica: por fora, parece abstrata e enigmática; por dentro, transforma-se em caminho, mas também aprisionamento, lembrando que enxergamos a natureza por meio de grades criadas por nós mesmos. Ainda que mais lúdica do que política, a obra traduz a visão do artista sobre a vida como uma luta constante diante da tentação e da falsa ideia de vitória.

“nuns + monks”, 2020 de Ugo Rondinone

Em nuns + monks, Ugo Rondinone utiliza as pedras — elemento recorrente em sua prática — para explorar a conexão entre o eu interior e a natureza. A obra propõe uma experiência sensorial de cor, forma e massa, em que diferentes camadas de sentido emergem e se dissipam, dando forma a uma versão contemporânea do sublime.

| Imagens: reprodução / site da Donum Collection.

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