O Coletivo Lâmina é formado pela artista Gabriela De Laurentiis e pelo artista João Mascaro. Sua produção teve início depois das grandes manifestações de junho de 2013, quando a população saiu às ruas e a violência policial tornou-se imagem recorrente nas televisões e nos corpos das pessoas que se manifestavam. Ali, a fina linha entre a liberdade de expressão e a repressão do estado foi cruzada várias vezes, com excessos e abusos reiterados da parte das forças de contenção.
Assim nasceu a pesquisa da dupla, que a partir do enorme volume imagético produzido nesse período e em todos os subsequentes protestos, manifestações e levantes populares. No século XIX, a antropologia criminal utilizava-se do aparato fotográfico para identificar os desviantes, criminosos em geral. Com registros realizados com celulares e equipamentos digitais, assim como câmeras analógicas, o coletivo passou a manipular, articular e recombinar as imagens captadas nesses períodos conturbados, questionando as relações de poder e as narrativas políticas e sociais construídas por meio da fotografia.
Seus trabalhos privilegiam a criação de imagens com texturas variadas, a partir da sobreposição de camadas e combinação de diferentes mídias. Além disso, os trabalhos utilizam impressões fine art, projetores e ampliadores, ao mesmo tempo que empregam aparelhos caseiros e gambiarras na materialização da pesquisa.