Iniciativa que integra o projeto Legados Vivos, que foi lançado pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) em julho, a exposição “A Memória é Uma Invenção” fica em cartaz na instituição carioca até o dia 9 de janeiro 2022. A mostra coletiva de longa duração traz 300 obras que vêm do acervo do MAM, do Museu de Arte Negra/IPEAFRO e do Acervo da Laje!
Reunindo três acervos de arte de instituições diferentes, cada qual com suas histórias, dinâmicas e projetos, a exposição busca discutir processos de construção de patrimônio, legado e cultura comum. São obras em diversas mídias, sob curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente. Entre elas estão esculturas, fotografias, pinturas, gravuras e azulejos.
Estão presentes obras de artistas como Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Carlos Scliar, Gerson de Souza e Chico Tabibuia (pertencentes ao acervo do Museu de Arte Negra/IPEAFRO), Adilson Paciência, Zaca Oliveira e Indiano Carioca (do Acervo da Laje) e também trabalhos de Anita Malfatti, Inimá de Paula, Lucio Fontana, Maria Leontina e Yara Tupinambá (vindas do acervo do MAM Rio).
“Esta exposição é um desafio a inventar outras configurações do comum desde a instituição. Ela inaugura uma maneira de repensar patrimônio e memória. Um caminho que, longe de compensar as violências do passado, acredita em outras formas de criar memórias que inspirem múltiplas possibilidades de vida no presente e no futuro”, comenta o curador Pablo Lafuente, que também é diretor artística do MAM ao lado de Keyna Eleison. Para Beatriz Lemos, A Memória é uma Invenção tem um importante papel ao trazer a obra e a história de artistas racializados e que vieram de fora do eixo econômico do país, tratando assim de “legitimidade e invisibilidade, presenças e ausências”.
Com obras do Acervo da Laje, uma casa-museu-escola criada por Vilma Santos e José Eduardo Ferreira Santos em 2011 em Salvador, a exposição acaba apresentando a instituição da periferia de Salvador e colocando em foco poéticas que nunca foram expostas fora da Bahia. Esse ponto é trazido por José Eduardo, que celebra a mostra. Já Elisa Larkin Nascimento, diretora do Museu de Arte Negra/IPEAFRO, acervo de obras reunidas por Abdias Nascimento, pontua que “com esta iniciativa, o MAM Rio impulsiona um amplo movimento de valorização de artistas invisibilizados pela cultura hegemônica, que julga a arte negra como coisa de artesãos primitivos e ingênuos”.
Parceiro estratégico do MAM Rio, o Instituto Cultural Vale, sediado no Maranhão, apoia a exposição. Segundo Hugo Barreto, diretor presidente do Instituto, as iniciativas realizadas junto ao museu carioca tem provocado movimentos de reflexão por meio de trocas, que fomentam “novos diálogos e práticas entre os espaços culturais e nas relações com os diversos públicos que pensam e fazem arte, cultura e educação no Maranhão, no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo”.
A memória é uma invenção
Curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente
Data: Até 9 de janeiro de 2022
Local: MAM Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85 Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro)
Mais informações: https://www.mam.rio/