Clarice Cunha é uma artista paulistana dedicada a pensar a relação da paisagem contemporânea tanto com o contexto urbano quanto com a natureza. Sua produção passa por diversos suportes: fotografia e vídeo, objeto e instalação. Sua produção está normalmente atrelada a viagens e deslocamentos, exploração de contextos específicos e culturas locais, como por exemplo na série “Açores”, na qual a artista se apropria de lenços bordados por sua avó (uma produção artesanal vernacular tradicional) e fotografias de cartões postais antigos da cidade de Açores, em Portugal, costuradas sobre estes panos.
Cunha estudou arquitetura e urbanismo, formação que também informa seu interesse em refletir sobre a lógica construtiva dos espaços, a história arquitetônica e dos materiais que encontra. “Rede de descanso”, por exemplo, é uma intervenção urbana na qual redes criadas usando telas de construção típicas de canteiros de obras e empreendimentos imobiliários são instaladas em bairros afetados pelos mesmos empreendimentos e pela especulação. As intervenções são registradas e documentadas em vídeo, fotografias e mapas impressos com a localização das instalações.
Já “Paisagens que não conheci” é uma obra criada a partir de entulhos recolhidos pela cidade e imagens antigas de paisagens naturais pesquisadas na internet ou vindas de postais, slides e enciclopédias. A artista articula as duas peças criando objetos híbridos que tensionam as origem das construções referidas: criadas naturalmente e pelo homem. Com dimensões e composições variadas, as obras nos lembram pesquisas acadêmicas de museus de história natural, criando lugares e tempos fictícios, que jamais poderiam existir juntos.
Clarice Cunha (São Paulo, 1985). Entre as exposições coletivas que participou destacam-se: Falhas para o futuro (São Espaço de Arte, São Paulo, 2017), Na ponta da vista (Ponder70, São Paulo, 2017), Secretaria de Insegurança Pública (São Espaço de Arte, São Paulo, 2016), 41° Salão de Arte de Ribeirão Preto (MARP, Ribeirão Preto, 2016), ocupação artística In(lar) e Visite Decorado (Projeto Iscream, São Paulo, 2016), 44o Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Casa do Olhar, Santo André, 2016) onde ganhou um dos prêmios aquisição e 22° Salão de Artes Plásticas de Praia Grande (São Paulo, 2015). Em 2016, participou da residência artística Estamos muito abertos (Ateliê 397, São Paulo).