Pela primeira vez, as obras de Cecilia Vicuña serão apresentadas em uma exposição individual em um museu de Nova York. A exposição Spin Spin Triangulene, inaugurada hoje, 27 de maio, no Guggenheim, propõe uma retrospectiva do trabalho de Vicuña expondo desde as obras produzidas no final dos anos 1960 até as mais atuais. O nome da exposição deriva da faceta “poeta” de Vicuña, que a nomeou ao conectar a arquitetura espiralar do museu à tradição indígena por ela observada desde a infância.
Com certa delicadeza e fluidez, que parecem pertencer à essência da obra de Vicuña, o espectador pode, muitas vezes, enganar-se e interpretar a sua arte de forma superficial, mas por trás de seus poemas, instalações, esculturas e telas; por trás de seu semblante tranquilo e da sua aparência de senhora de idade avançada, há uma força profunda que emana de suas obras e um grito ativo entranhado em sua calma voz.
Nascida no Chile no ano de 1948 em uma família de artistas e escritores, sua trajetória na arte se inicia cedo e já na década de 1960 seus primeiros trabalhos tomam forma, concebidos como atos de descolonização frente às tradições impostas pelas conquistas europeias às tradições indígenas. É neste período também que Vicuña inicia as séries Quipu, de esculturas feitas a partir de faixas de lã suspensas e cheias de nós atados pelo comprimento.
As séries foram inspiradas por uma tradição andina intitulada Khipu que consistia em dar nós em fios coloridos como uma forma de transmitir narrativas e informações numéricas e que foi abolida pela colonização europeia. Vicuña, então, reimagina esta tradição como uma resposta poética às disparidades econômicas, ecológicas e culturais.
Já na década de 1970, após o golpe militar que colocou Augusto Pinochet no poder em 1973, a artista se auto-exilou em Londres de onde se mudou para Nova York em 1980. Este cenário político, unido à sua essência anticolonialista, formam o principal eixo da produção de Vicuña, marcada pelo ativismo que só se acentuaria com o passar dos anos.
Na exposição em cartaz no Guggenheim, curada por Pablo León de la Barra e Geanine Gutiérrez-Guimarães, estarão em exibição, junto a outras obras, uma série de três Quipus na forma da instalação Quipu del exterminio, que representa a vida, a morte e a ressurreição e que tem por objetivo chamar a atenção para a necessidade de acabar com a extinção das espécies do planeta. Ainda, em uma performance participativa, a artista cria um “quipu vivo”, promovendo uma cerimônia de cura coletiva conectando-se às memórias ancestrais e à cultura contemporânea e convidando os visitantes a se tornarem ativos na mudança poética e política do mundo.
Serviço:
Spin Spin Triangulene
Local: Guggenheim Museum Nova York
Endereço: 1071 5th Ave, New York, Estados Unidos
Data: 27 de maio a 5 de setembro de 2022
Funcionamento: Todos os dias das 11h às 18h. Fechado às terças.
Ingresso: US$ 18 – US$ 25