Carlos Monroy é um artista colombiano que vive no Brasil há quase uma década. Seu trabalho e sua pesquisa giram em torno de ações reproduzidas, repetidas, copiadas, incorporadas, imitadas e refeitas, que ele uniu sob o neologismo re-formance: o termo também é o objeto de sua tese de mestrado, o Manifesto Re-Formático (porque imitar é o nosso), fruto de anos de prática artística e da conclusão de sua dissertação. Nesta tese, o artista ironicamente alude ao performer como alguém que não sabe fazer nada, e que não faz ideia do que se está fazendo – a performance, assim, permite que ele faça o que quiser.
São muitas as versões que encontramos, então, de Monroy, uma vez que toda sua produção parte de de uma prática apropriativa que se vale tanto de obras artísticas seminais (como trabalhos de Marina Abramovic), quanto de ícones do pop e da cultura de massa (Marilyn Monroy, Monroy Gaga…). A re-formance apresenta-se como repetição e reutilização, subvertendo a lógica da obra de arte única, autoral; por outro lado, as suas ações também não se encerram no campo institucional, pois pervertem as regras e o estatuto do espaço museológico. Um exemplo é o “Museu da Lambada”, ganhador de um dos prêmios para projetos comissionados do Festival de Arte Contemporânea Sesc_VideoBrasil. O artista levou, de maneira inusitada, uma kombi, dançarinos folclóricos da Bolívia, objetos e memorabília e refilmagens de videoclipes famosos para dentro do espaço expositivo, em uma grande apoteose homenageando o ritmo latino imortalizado pela banda Kaoma.
Outro aspecto essencial de seu trabalho é sua presença reiterada nas exposições das quais participa. Durante a abertura da exposição “Arte Atual Festival”, no Instituto Tomie Ohtake, o artista passou horas cobrindo as áreas vazias das paredes do espaço com giz branco, paramentado inclusive com equipamento de segurança. Já em sua mostra individual no Paço das Artes, Monroy permanecia todos os dias por várias horas à disposição do público, que podia escolher ações em um menu para o artista realizar. Apesar da dimensão performática de seu trabalho, muitas de suas obras resultam também materialmente em fotografias, vídeos, objetos e instalações, revelando a multiplicidade de sua prática.
Carlos Monroy é um artista visual e performer colombiano. É mestre em Poéticas Visuais pela USP (2014), sob orientação dos artistas Ana Tavares e Carlos Fajardo, com bolsa para alunos internacionais PEC-PG CNPq. Graduou-se em 2008 pela Universidad de los Andes em Bogotá. Já realizou três exposições individuais no Brasil: Monroy’s living cliché since 1984, Oficina Cultural Oswald de Andrade; SCOTOMA, Ateliê 397; e Mr. Kosuth What would you do?, Paço das Artes. Monroy participou de residências artísticas no Canadá (Mincultura e the Banff Centre), no Brazil (Ateliê Aberto # 5, Casa Tomada), Estados Unidos (Genesis Project) e Alemanha (EMAF05). Recentemente, foi um dos ganhadores do prêmio de projetos comissionados do 19o Festival de Arte Contemporânea Sesc_VideoBrasil (2016) e um dos artistas brasileiros convidados a participar da 32a Bienal de Ljubljana, na Eslovênia, ocasião em que ganhou o prêmio de residência da instituição (2017/2018).