Bienal do Sertão chega à 7ª edição em Diamantina

Com o tema "Poesia em Confluência", o evento ocupa espaços históricos e culturais da cidade mineira durante todo o mês de outubro

por Diretor
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Janaina Wagner, “Quando o segundo sol chegar _ Um cometa nos teus olhos” (frame do vídeo), 2025

De 1º a 31 de outubro de 2025, Diamantina, em Minas Gerais, recebe a 7ª Bienal Internacional do Sertão. A edição deste ano tem como tema Poesia em Confluência e se espalha por diferentes espaços da cidade, reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Mundial em razão de sua arquitetura preservada e da relevância cultural de sua história.

O núcleo contemporâneo será sediado no Teatro Santa Izabel, reunindo obras selecionadas por convocatória aberta e trabalhos de artistas convidados. Já o núcleo histórico ocupa a Casa Chica da Silva, o Museu do Diamante e o Museu da Tipografia Pão de Santo Antônio, ativando instituições que preservam camadas importantes da memória material e simbólica da região.

A Bienal propõe um mês inteiro de atividades gratuitas, que incluem exposições, performances, residências artísticas, mostras paralelas e seminários. A parceria com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri amplia a vocação pedagógica do evento, fortalecendo pesquisas, práticas de mediação e intercâmbios com diferentes áreas do conhecimento. Desde sua criação em 2012, a Bienal se firmou como espaço de reflexão sobre a arte contemporânea em diálogo direto com o sertão, deslocando o eixo de produção e debate dos grandes centros urbanos.

A curadoria desta edição é compartilhada por Laura Benevides, da Bahia, arquiteta e pesquisadora em arte latino-americana, e Janaína Selva, de Minas Gerais, curadora e pesquisadora em arte e arquitetura. Juntas, conduzem uma proposta que aproxima artistas, espaços e comunidade, reforçando o caráter colaborativo do projeto. A Bienal também conta com interlocuções internacionais: o equatoriano Hermán Pacurucu, curador da Bienal de Cuenca, apresenta um núcleo com seis artistas, enquanto o projeto argentino Posverso, sob a curadoria de Silvio de Graça, traz obras de três artistas. Essas parcerias fortalecem a dimensão transnacional do evento, sem perder o vínculo com a região.

O projeto parte de uma ideia de sertão entendido como bioma, um território extenso e múltiplo dentro do Brasil. Essa dimensão reúne diferentes climas e paisagens, desertos, fauna e flora específicas, além de comunidades e saberes de origens diversas. É também uma região marcada por histórias de resistência e por um patrimônio cultural que vai da oralidade aos registros paleontológicos. A Bienal se coloca como parceira na preservação desse patrimônio diante das ameaças do extrativismo e das pressões capitalistas, ao mesmo tempo em que cria espaço para que a arte dialogue com as ciências naturais, a filosofia, a antropologia e tantos outros campos do saber.

A edição de 2025 parte dessa perspectiva para propor reflexões sobre temas urgentes, como a crise climática, o impacto da tecnologia, as lutas identitárias e as transformações nos museus. O título Poesia em Confluência sintetiza o desejo de reunir experiências visuais e discursivas capazes de recuperar o papel da arte como espaço de invenção, contemplação e lucidez. Essa confluência não se limita a revisitar tradições do cordel, da cultura popular ou da literatura que marcou o imaginário nordestino e mineiro, mas busca reativar essas matrizes dentro de um contexto global, em diálogo com debates atuais da curadoria e da prática artística.

Idealizada por Denilson Santana, historiador e curador, a Bienal nasceu como gesto de descentralização cultural e mantém desde sua origem um forte compromisso educativo. Oficinas, rodas de conversa e encontros com artistas fazem parte da programação, reforçando a arte como prática coletiva e transformadora. “Faço a Bienal para a cidade inteira, não apenas para um espaço específico”, resume Santana.

Artistas da VII Bienal do Sertão:

Alana Barbo
Ambuá
biarritzzz
Camila Kahhykwyú Canela
Carlos Mélo
Catarina Dantas
Cicero Costa
Conceição Myllena
Cristiane Martins
Danilo Espinoza Guerra
Derlon
Edith Derdyk
Emika Takaki
Erika Dantas
Estêvão Parreiras Pereira
Fernanda Adamski
Flaw Mendes
Gabriela Loayza
Helena Sofia K.
Hernan Illescas
Irmãs Gelli
Ivan Padovani
Janaina Wagner
Jimson Vilela
Joana Amora
José Guedes
Juniara Albuquerque
Kyria Oliveira
Luanda Francisco
Luciana Borre
Luiz O. (Luizhim)
Manoel Veiga
Maria Zegna
Mariana Guardani
Marianna Pizzato
Nina Miyamoto
Padmateo
Polina Shklovskaya & Briseis Schreibman
Raquel Rodrigues
Ricardo Vilas Freire
RMS Jotape
Samira Pavesi
Soledad Sánchez Goldar
Sofia Ramos
Tais Koshino
Victor Bravo

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