Alguns países já começaram a anunciar os artistas que representarão seus pavilhões da Bienal de Veneza adiada para 2022. Esta semana dois anúncios nos deram boas pistas sobre a próxima edição da mais importante exposição de arte do mundo: o Pavilhão Nórdico, que representa os países da Noruega, Suécia e Finlândia, será renomeado para Pavilhão Sámi. Trata-se de uma homenagem ao povo Sámi ou lapões, originários de toda a região. Os lapões são um dos maiores grupos indígenas da Europa, totalizando cerca de 70 000 pessoas, das quais 17 000 vivem na Suécia, 35 000 na Noruega, 5 700 na Finlândia e 2 000 na Rússia; e as três artistas que irão representar os países escandinavos são Sámi: Pauliina Feodoroff, Máret Ánne Sara e Anders Sunna.
Em um comunicado, Katya García-Antón, diretora do Office for Contemporary Art Norway, explicou a escolha: “A pandemia global, o impacto das mudanças climáticas e os apelos mundiais para a descolonização estão levando todos nós a nos concentrar sobre possibilidades alternativas para o nosso futuro e o do nosso planeta. Neste momento crucial, é vital considerar as formas indígenas de se relacionar com o meio ambiente e entre si.”
Em paralelo, Simone Leigh irá representar os Estados Unidos com suas esculturas elegantes e poderosas unindo bronze, cerâmica e ráfia. O pavilhão americano em Veneza irá incluir novas esculturas da artista, cujo trabalho se baseia em uma série de referências e fios históricos entrecruzados para levantar questões sobre a mulher negra.
Nas últimas duas décadas, Leigh criou um corpo distinto de trabalho que presta homenagem, muitas vezes de forma discreta e alusiva, a aspectos da história negra. Nascida em Chicago em 1967, Leigh ficou conhecida por suas esculturas em grande escala, que frequentemente, embora não sempre, apresentam figuras negras cujos corpos parecem se fundir com vários objetos; e que geralmente são representados sem olhos e sem orelhas. No entanto, seu trabalho também assumiu formas mais expansivas que incluem produção de filmes, instalação e trabalho de prática social.
O anúncio do pavilhão surge enquanto a fama de Leigh aumenta no mundo da arte e além. Em 2018, ela ganhou o Prêmio Hugo Boss do Museu Guggenheim e, em 2019, ela passou a ser representada pela Hauser & Wirth, uma das maiores galerias do mundo. Seu trabalho também apareceu em exposições como a Bienal de Berlim, a Bienal de Whitney e a Bienal de Arte Contemporânea Africana de Dak’Art, e em locais como MoMA PS1, o New Museum, o Hammer Museum e outros locais.Primeira mulher negra radicada nos EUA a representar o país em Veneza, Leigh terá uma grande retrospectiva no The Institute of Contemporary Art, que incluirá trabalhos criados para Bienal, em 2023.