A Galeria Superfície apresenta duas novas exposições: “canastra da Emília”, individual de Arthur Chaves com texto de Raphael Fonseca; e “Por Ser de Lá”, individual de Alan Adi com texto de Ana Maria Maia.
Em “canastra da Emília, as obras ora apresentadas caminham em uma linha tênue entre instalação, pintura e desenho. Utilizando-se de uma profusão de matérias como o tecido, o plástico e dejetos industriais, as criações de Arthur se encontram no limiar entre o concluído, arrematado, e o processo aberto, em constante transformação. A tentativa da representação encontra seu sustentáculo em um acúmulo de materiais salvaguardados pelo artista. Como a personagem Emília de Monteiro Lobato que mantinha em seu baú, em sua canastra, tudo o que pudesse um dia vir a ter outra forma, Arthur cria suas obras a partir da especulação sobre seu inventário – os tecidos, que o lembram da relação com a mãe, costureira, e as sobras, os restos industriais e domésticos, se tornam matéria prima do que o artista chama de “captação da subjetividade do seu cotidiano”.
Já “Por Ser de Lá” reúne trabalhos de algumas séries desenvolvidas por Alan Adi ao longo dos últimos anos, nas quais se debruça sobre a música popular nordestina. Neste apanhado, as capas de discos servem como fonte e suporte dos seus trabalhos, construindo narrativas que abraçam temas históricos do país como, por exemplo,
os deslocamentos populacionais inter-regionais. Em sua obra “Migrantes” são exibidas
capas de discos de artistas nordestinos que em algum momento migraram para o
sudeste do país; nelas, a figura humana é ocultada em alusão à migração daquele
ator social. Colocadas em sequência, essas capas formam uma paisagem singular, na
qual a imagem, ou a ausência dela, instiga e solicita ao leitor a reflexão sobre presença
humana ali um dia existente.
Arthur Chaves: canastra da Emília
Alan Adi: Por Ser de Lá
Abertura: 27/11/19, 19h-22h
Visitação: até 25/01/2020; terça a sexta, 10h-10h; sábado, 11h-17h
Galeria Superfície: Rua Oscar Freire, 240, São Paulo. Entrada gratuita