ArPa chega a sua terceira edição em meio às obras do Estádio do Pacaembu

A feira que tem conquistado o circuito de arte por visibilizar uma ampla gama da produção nacional acontece até o dia 30 de junho em meio às reformas da Arena

por Giovana Nacca
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Feira ArPA. Divulgação

A terceira edição da ArPa, feira de arte que tem ganhado destaque por proporcionar espaço para projetos curatoriais além do seu foco comercial, abriu suas portas no dia 26 de junho no Mercado Livre Arena Pacaembu, em São Paulo, e vai até o dia 30 de junho.

Antes mesmo de entrar na feira, na área pública do complexo, é possível acessar o setor Arte em Campo, curado pelo mexicano José Esparza Chong Cuy, que apresenta esculturas instalativas de artistas como Alexandre da Cunha (da galeria Luisa Strina) e Lyz Parayzo (da Casa Triângulo), além de uma performance de Igi Lola Ayedun, criando uma introdução para os visitantes.

Outros trabalhos que podem ser vistos pelo público de antemão na área externa são as produções audiovisuais curadas por Raphael Fonseca. Sob o título “Desejo, eu quero me transformar em você”, inspirado pela canção de Caroline Polachek, o telão exibe obras de artistas como Randolpho Lamonier e Victor Galvão, com o vídeo “Febre do Verão”, que explora a relação entre consumo de imagem e prazer. Sandra Vásquez de la Horra, chilena residente na Alemanha, que recentemente apresentou uma exposição no Denver Art Museum, também curada por Raphael Fonseca, traz para a ArPA um vídeo que relaciona o desenho e o lugar do cabelo feminino com a noção de desejo.

No espaço subterrâneo, encontramos cerca de 60 estandes de galerias espalhadas pelo local. Logo na entrada, nos deparamos com o setor Base, um corredor com a exposição “Todo ser vivo é a Terra dos outros”, curada por Ana Carolina Ralston. Inspirada pelo livro “Metamorfoses” do filósofo italiano Emanuele Coccia, a exposição discute as relações entre o humano e a natureza, ressaltando nossa intrínseca conexão com o meio ambiente.

O Setor UNI, curado por Germano Dushá, promove um diálogo interessante entre galerias nacionais e outras da América Latina e Caribe, apresentando estandes solo de artistas que exploram questões terrenas a partir de dimensões espirituais, como a Galatea, apresentando o pintor e escultor Miguel dos Santos. Dushá observa que é um desafio superar a percepção de arte regional para ser vista como “arte” em si, sem os rótulos de “arte latino-americana” ou “arte-brasileira”.

No Setor Principal, galerias com propostas de forte teor regional destacam-se, muitas com projetos curatoriais. A galeria Mitre, de Belo Horizonte, que em breve abrirá um espaço em São Paulo, apresentou um recorte curatorial focado na ancestralidade afro-brasileira, sob o tema “A linha do Equador atravessa nossos corações”. Obras de artistas como Aline Motta, Rafael RG e Diego Mouro compõem este espaço, com uma visão bastante afetiva.

A ArPa continua a ser um evento essencial no calendário de arte contemporânea, proporcionando não apenas uma plataforma comercial, mas também uma oportunidade de reflexão e diálogo sobre temas atuais e históricos. Embora tenha enfrentado desafios logísticos este ano, a feira permanece um ponto de encontro vital para artistas, curadores e amantes da arte.

Em linhas gerais, a ArPA continua sendo um grande frescor no mercado de arte, levando um evento de grande qualidade da produção contemporânea para um espaço popular como um estádio de futebol. No entanto, este ano, a feira encontrou-se com desafios logísticos devido às reformas do Pacaembu, que cercou todas as experiências dos visitantes. Ao contrário das edições anteriores, onde as galerias exibiam suas obras no espaço sobre o gramado do estádio, a edição de 2024 teve que se adaptar ao Mercado Pago Hall, uma estrutura criada para o evento, com entrada pela rua Capivari. Vale também dizer que, embora o ingresso incluísse a visitação da feira paralela MADE, dedicada ao design colecionável, a distância significativa entre os dois ambientes expositivos foi outro ponto desfavorável em relação aos anos anteriores, quando ambas as feiras eram mais integradas e proporcionaram uma interação bastante rica.

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