Arnaldo de Melo – Phantasia: 2018

Sé Galeria, São Paulo

por Julia
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A Sé Galeria apresenta a exposição “Phantasia: 2018”, de Arnaldo de Melo, com curadoria de Leon Kossovitch. A mostra traz 18 telas em grandes dimensões dispostas em quatro salas da Sé, sendo o conjunto dessas obras do artista fruto mais recente do período de um ano de trabalho em seu atelier, localizado em prédio vizinho ao da galeria, no centro histórico da cidade.

No texto de catálogo o curador Leon Kossovitch afirma que “Embora Arnaldo de Melo não rejeite em sua pintura atual a maior parte dos materiais da série anterior (de 2017, parte dela exposta entre março e abril deste ano no Rio de Janeiro), deixa exposto o ressalto entre os dois conjuntos no concernente ao seu emprego, portanto, às suas consequências: a razão, antes distanciada das sensações por fazer prevalecer o cálculo, delas se aproxima, valorizando o aparecer, o qual, luz e revelação, discerne a ativação da superfície pintada pelo pintor. Coligindo-se os materiais mais utilizados, acrílico, óleo, tela, papel, pincel, rodo, pano, espátula, a que outros instrumentos podem somar-se, distingue-se a mão, termo primordial de um corpo a um tempo lógico e físico, assim, afetivo, de gestos, que, referidos à cor, à ordem, à forma, põem em evidência a visão, o tato, enfim, todos os sentidos, que, mesmo os mais esquivos na execução, participam no feixe de sensações em que a razão se entremete sem imperar…”.

Partindo do conceito grego de Phantasia – título do texto de catálogo levado à denominação da presente exposição -, Kossovitch ressalta o sentido do “aparecer” nas pinturas atuais do artista como inerente à razão que “… comanda o feixe de sensações que a contêm; circulante na alma, ela (a razão) se relaciona com outro existente, o corpo-mundo, no qual haure por meio dos extremos sensíveis o exterior: tornando-se impressão na alma, as sensações, combinadas pela razão dirigente, a esta revelam no aparecer como princípio das ligações do dentro e do fora…”. Kossovitch esclarece ainda a distinção entre “aparecer” como phantasia, do “aparecente, phantasma, que não liga, como aquele, dois corpos, mas um, a alma, e um incorporal, cuja inexistência a esta arrasta em sonhos e delírios”. Por seu turno, o artista, que frequentou cursos de Estética com Leon no Departamento de Filosofia da USP, nos diz que essa noção de Phantasia carrega aportes que a ele mesmo lhe faltava para a reflexão sobre sua pintura abstrata, e sobretudo porque “inquieto com a tendência de observadores em seu atelier que, no mais das vezes”, diante de seus trabalhos “veem coisas onde não existe, ou se antecipam em delírios (phantasmas) para além dos gestos e cores que se instauram na percepção do mundo ao redor”.

Arnaldo de Melo – Phantasia: 2018
Abertura: 26/08; 11h-15h
Visitação: até 10/11/18; terça a sexta, 12h-19h; sábado, 12h-17h
Sé Galeria: Rua Roberto Simonsen, 108, São Paulo. Entrada gratuita

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