Quem visitar a exposição do artista Antonio Bokel no Espaço Cultural Correios em Niterói vai se deparar com diversas obras em formatos diferentes! Nesta individual do artista, que tem como título Paraíso Perdido, a curadora Ana Carolina Ralston selecionou trabalhos em pintura, escultura, vídeo, instalação e também intervenção fotográfica. Essas obras têm como ponto de partida a relação conturbada existente nas interações que são desenvolvidas entre o homem, a natureza e a tecnologia. A mostra foi aberta no dia 20 de março e ficou fechada durante o período de lockdown na cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro. Agora, ela reabre a partir de 18 de abril.
Essa temática foi objeto de pesquisa do artista para um projeto que ele iniciou logo nos primeiros momentos de isolamento social no início de 2020. “A partir desse mergulho, criei trabalhos que dialogam com os paradoxos desta problemática. Por trás de pinturas, fotografias e esculturas contextualizadas no momento de mudanças em que a humanidade se encontra, há o desejo de apontar um novo caminho”, comenta Bokel. Ele conta que pandemia fez com que ele adquirisse aprendizados relacionados à “observação da natureza e do que há de transcendente em seus fenômenos”. Toda a reflexão em torno desse processo fez com que ele percebesse que ele acreditasse que o “resgate de uma dinâmica cotidiana mais simplificada e afetiva é uma via de saída”.
A curadora aponta uma “dualidade disruptiva” na obra do artista. De acordo com ela, “esse elemento ressalta a intersecção de um conturbado território que busca habitar diversos lugares, seja as metrópoles contemporâneas, a linguagem da arte de rua, a tecnologia, a mistura de traços e gestos que vai de encontro a referências naïf ligadas à essência humana e à vida simples e autossustentável”.
Ela faz também uma aproximação entre o fazer de Bokel e o do poeta inglês John Milton. Para ela, o artista também parte na busca de um paraíso perdido por meio de seus trabalhos. “Há anos, seu corpo e mente se uniram na tentativa de fazer coexistir o rural e o urbano em sua produção”, diz Ralston.