Atualizado no dia 16 de fevereiro de 2024.
Preso dias após a morte do galerista norte-americano Brent Sikkema, 75, Alejandro Triana Prevez prestou depoimento à polícia do Rio de Janeiro nesta terça-feira (30). O homem de 30 anos foi ouvido no Complexo Penitenciário de Gericinó, no presídio Bangu 8, localizado na Zona Oeste carioca.
De acordo com informações apuradas pelo jornal O Globo, o advogado de Prevez, Gregório Antonio Fernandes, relatou que seu cliente confessou a participação no crime, e afirmou que o assassinato de Sikkema teria sido planejado por um terceiro envolvido. As informações anteriores colhidas pela polícia, em depoimento, constavam que o acusado também havia roubado joias e um total de R$ 180 mil, contabilizados em dólares e reais.
Em entrevista para a Folha de São Paulo, outra advogada de Prevez também revelou que ele poderia ter sido drogado antes de executar o nova-iorquino, informação que não foi confirmada por Fernandes.
O advogado anunciou que estão aguardando o chefe de polícia, e conta que após conversas com as autoridades, Prevez poderá fornecer um depoimento por escrito por meio de seu suporte jurídico. Ele também diz que seu cliente compartilhará sua versão dos eventos, sugerindo que a história por trás do crime “é mais complexa” do que a inicialmente imaginada pela investigação.
Apesar das recentes movimentações, Fernandes diz não poder fornecer mais detalhes dos últimos procedimentos para não prejudicar as investigações. No entanto, confirma ser possível “afirmar que ele [Prevez] está disposto a revelar toda a verdade”. Foi enfatizado que seu cliente está cooperando em todos os aspectos da investigação, admitindo sua participação no crime e oferecendo novas perspectivas para o caso.
“Como esperávamos, é um crime de comando”, revela Fernandes.
No presente momento, as autoridades cariocas investigam se Prevez teve alguma relação com Daniel Sikkema, ex-marido do galerista assassinado.
BRENT SIKKEMA: O norte-americano que amava o Brasil
O galerista Brent Sikkema, morto no dia 15 de janeiro, era natural da cidade de Morrisson, Illinois, mas passou a ser reconhecido como nova-iorquino, após se tornar figura ilustre na cena artística de um dos maiores polos culturais do mundo.
Sikkema fora assassinado a facadas, aos 75 anos, em sua casa localizada no bairro do Jardim Botânico, zona nobre do Rio de Janeiro (RJ). O galerista passava por um divórcio com o ex-marido, Daniel Sikkema, e enfrentava disputas judiciais pela custódia de seu filho de 12 anos.
O assassinato do norte-americano causou comoção dentro da cena global de artes, na qual Brent Sikkema era reconhecido por “criar pontes entre os mundos da América do Norte, e da América do Sul”, como detalhou a escritora Katya Kazakina, para a plataforma digital ArtNet. De acordo com o portal de notícias culturais, o nova-iorquino aplicava para o processo de residência no Brasil, e era apaixonado pelo país.
Co-fundador da Sikkema Jenkins&Co., galeria alojada na ilha de Manhattan, em Nova York, Sikkema possuía obras de artistas variados em seu acervo, que contavam com as assinaturas de Kara Walker, Louis Fratino, Arturo Herrera, além dos brasileiros Luiz Zerbini, Maria Nepomuceno e Vik Muniz. O galerista era mestre em Fotografia pelo Instituto de Artes de São Francisco e possui passagem na Visual Gallery, em Boston, como diretor, em 1976.
EX-MARIDO DE BRENT SIKKEMA É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELO CRIME
De acordo com novas informações divulgadas pelo portal G1, o ex-marido do galerista, Daniel Garcia Carrera, seria o mandante do assassinato de Brent Sikkema, conforme apontam as investigações. O homicídio fora arquitetado mediante a uma mudança no testamento do norte-americano, que optou por destinar U$1milhão para seu primeiro esposo, e o restante da fortuna ao seu filho, que só terá acesso à herança quando completar 30 anos, deixando Garcia Carrera sem posse alguma dos bens.
Sikkema realizou as alterações do testamento em maio de 2022. Enquanto isso, Daniel Garcia Carrera pediu por e-mail ao ex-marido, que o deixasse U$6milhões por terem sido casados, pedido que não foi acatado.
O envolvimento de Alejandro Triana Prevez se deu no decorrer da disputa patrimonial. Conforme constam as informações fornecidas pelo G1, o cubano “conheceu Daniel em seu país natal, após trabalhar em uma das casas do ex-casal — tinha se mudado para o Brasil. Dava aulas de espanhol e fazia entregas em São Paulo. Segundo o criminoso, em depoimento, retomou o contato com Daniel de maneira casual”.
A defesa de Triana Prevez revelou que Daniel Garcia Carrera teria se aproveitado da situação de vulnerabilidade de seu cliente, que passava por uma vida de dificuldades. A proposta do ex-marido de Sikkema oferecia U$200mil ao cubano, pelo assassinato do Galerista.
Atualmente, a Justiça decretou a prisão preventiva de Daniel Garcia Carrera e existe a possibilidade da pena ser cumprida nos Estados Unidos.