Hoje, 12 de março de 2025, começam a valer as novas taxas de importação de produtos do México, China e Canadá para os Estados Unidos, parte da estratégia do recém reeleito governo Trump de protecionismo do mercado local, bem como de gerar incerteza no mercado global ao dominar as manchetes com medidas econômicas controversas.
O governo dos EUA tem revisado periodicamente as políticas tarifárias, sendo adiadas ou ajustadas, contribuindo para o cenário de incerteza que têm dominado o setor. O repasse do aumento do valor de itens produzidos ou importados pelos EUA ainda é incerto, – se cairá sobre o consumidor final ou será absorvido pelo intermediário – seja ele um artista, no caso da tinta, ou de um galerista, como com o alumínio utilizado em expografias, por exemplo.
Entender essas tarifas é um desafio em si, porque elas são frequentemente adiadas tão rapidamente quanto são anunciadas. Foi exatamente isso que aconteceu quando, em 3 de fevereiro, o presidente Donald Trump e os líderes do Canadá e do México concordaram em adiar tarifas e contra tarifas de 25% por 30 dias. O anúncio veio pouco antes do início da Semana de Arte da Cidade do México, cujas vendas foram significativamente impactadas pelo contexto de instabilidade.
Nesse âmbito, especialistas vêm apontando um cenário cada vez mais arriscado para os investidores que consideram as artes visuais em seu portfólio.
“Se você está gastando 10 milhões em uma obra de arte e está pagando US$ 1 milhão ou US$ 2 milhões, ou mesmo US$ 2,5 milhões em tarifas porque ela foi importada, você diria: ‘De jeito nenhum. Esqueça. É uma baixa de US$ 2,5 milhões. Não posso fazer isso. Vou para o mercado imobiliário, ou vou para ações” – Philip Hoffman, fundador e CEO do Fine Art Group.
Essa é uma medida macroeconômica cujos impactos são sentidos no Brasil não diretamente, mas nas reverberações. Um exemplo é o repasse do aumento dos custos de materiais importados desses quatro países, ou a taxação pela exportação de obras de arte, que corre riscos nas falas de Trump, mas que são tão concretas quanto a validade da execução das taxas de 25% para importação de itens essenciais, como óleo. Um artista brasileiro que utiliza tintas canadenses já deve sentir seus custos de operação aumentarem, da mesma forma que um fornecedor de mobiliário expográfico pode se beneficiar exportando alumínio, já que a taxação desse item ficou em 50% em relação ao Canadá, uma tarifa exorbitante que com certeza será rebatida pelo país mais ao norte.
Especialistas em mercado de arte ainda estão estudando os possíveis impactos das medidas, já que ainda estão na expectativa das contra tarifas dos três países – China, México e Canadá -, que devem adaptar suas políticas de importação para se defender da estratégia estadunidense em tentar fortalecer o mercado interno.
A repercussão na mídia amplifica o contexto de desconfiança, que o mercado brasileiro sente pelas margens. A preocupação está na incerteza, que pode ser percebida no comportamento dos colecionadores, principalmente em feiras de arte e leilões.
Resumimos duas recomendações para artistas, produtores, diretores de instituições culturais e galeristas para mitigar os danos que esta política tarifária pode exercer no futuro ao mercado de arte brasileiro.
- Informação
Neste cenário de instabilidade, é crucial acompanhar as atualizações, não só do governo dos EUA, mas do comércio exterior como um todo. Se torna cada vez mais essencial contar com a consultoria de especialistas em comércio internacional para entender como as tarifas podem afetar as vendas em galerias, os impostos sobre exportação de obras de arte e a taxação de materiais específicos utilizados na criação de obras de arte, por exemplo, traçando estratégias a longo prazo, evitando ser pego desprevenido.
- Logística
Artistas e instituições devem planejar com antecedência suas aquisições de materiais importados, considerando possíveis aumentos de custo ou atrasos devido às tarifas aplicadas, principalmente quando se trata de fornecedores na América do Norte. A logística envolta na importação de obras de arte em si ficam inalteradas entre Brasil e Canadá, México e China, mas em relação aos Estados Unidos espera-se algum entrave, pelo menos nos próximos meses de adaptação das normas alfandegárias do país.
A única certeza é de que os colecionadores estão atentos e o clima de instabilidade se agrava a cada nova manchete que repercute uma mudança de Trump quando se trata do comércio exterior dos Estados Unidos sob o governo Trump.