A arte pode ajudar a preservar o meio ambiente?

Cinco artistas que produziram obras para nos ajudar a refletir sobre a relação “Arte e Natureza”

“Sem folha não tem sonho
Sem folha não tem festa
Sem folha não tem vida
Sem folha não tem nada”

-Maria Bethânia

O planeta Terra, nossa casa comum, está gritando por cuidados. A alarmante situação da qualidade do ar em São Paulo, que recentemente foi classificada como a pior do mundo, chama nossa atenção para a urgência de repensarmos, como seres humanos, a nossa relação com a natureza.

 “De ré, poderíamos dizer que no princípio era a folha. Outras narrativas vão dizer que no princípio era o verbo” – Ailton Krenak

A poluição extrema das zonas urbanas, ocasionada por queimadas e urbanização desgovernada, reflete nosso descompromisso com o meio ambiente. É o desequilíbrio das ações humanas que desequilibra a natureza. Maria Bethânia, em 2003, cantou: “sem folha não tem sonho”, uma convocação em reverberações sonoras, que nos chega como um chamado para repensarmos a importância dos nossos patrimônios ambientais. Mais de dez anos depois, e com a nossa educação baseada em fundamentos colonizadores, ainda continuamos a tratar a natureza como fornecedora e negligenciamos em cuidados primários.

Diante desse cenário, reconhecer e preservar áreas consagradas que formam os Patrimônios Naturais da Humanidade precisa ser nosso horizonte enquanto humanidade. O Brasil possui oito áreas consagradas: Parque Nacional do Iguaçu (PR), Mata Atlântica – Costa do Descobrimento (BA) e Reserva do Sudeste (SP e PR), Área de conservação do Pantanal (MS), Complexo de Conservação da Amazônia Central, Ilhas Atlânticas Brasileiras: Fernando de Noronha (PE) e Atol das Rocas (RN), Parques Nacionais Chapada dos Veadeiros (GO) e Emas (GO). Essas áreas abrigam os seis biomas naturais do nosso país e estão em constante ameaça, sendo testemunhas da nossa emergência climática.

O fato é que estamos em plena crise climática mundial e precisamos priorizar ações para o enfrentamento dessas mudanças. As queimadas, fumaças, desmatamentos, garimpos e o crime organizado nas terras Yanomami, são alguns exemplos de crimes cometidos contra os Patrimônios Naturais e Ambientais. 

Mas você deve estar se perguntando: como a arte pode ajudar a preservar o meio ambiente? Diretamente, acreditamos no potencial transformador da arte através da conscientização e reeducação. A arte também pode provocar reflexões profundas através de conexões emocionais. E nesse caso, consideramos poder instigar a pensar em possíveis soluções, principalmente quando exerce seu papel de denúncia, documentação e memória.

Nessa seleção, encontramos cinco artistas que produziram obras para nos ajudar a refletir sobre a relação “Arte e Natureza”.

Ayrson Heráclito e Tiganá Santana

Ayrson Heráclito e Tiganá Santana, “Agô! Pede-se licença para entrar na mata sagrada”, 2023

Com um o pedido de permissão para entrar na floresta, templo sagrado, a instalação dos artistas baianos chegou na 35ª Bienal de Artes de São Paulo como uma louvação a energia existente na própria natureza enquanto a vivenciamos em imersão. Os artistas estão participando da Art Basel Miami, 2024, ao lado da artista Nádia Taquary.

Carmézia Emiliano

Carmézia Emiliano, “Chegando na maloca do japó”, 2023

Natural de Normandia, Roraima, a artista macuxi tem o tratamento bidimensional e a ausência de perspectiva como características marcantes que conotam uma relação harmoniosa entre seres humanos e natureza. Seu conjunto de obras, refletindo as questões de um povo que resistiu em terras cobiçadas para o garimpo ilegal e desvastação, nos lembram que os territórios indígenas protegem a todos, independente de onde vivamos.

Abel Rodriguez

Abel Rodriguez, Terraza Vajo 6, 2020

Artista indígena de origem Nonuya, nascido na Amazônia colombiana e conhecido como o “nomeador de plantas”, têm a floresta em sua memória e seus desenhos expressam sua relação íntima com a natureza.
Nessa obra, as plantas são pacientemente construídas no papel e isso nos faz refletir sobre a relação desses elementos dentro do ecossistema.

Olinda Tupinambá

Olinda Tupinambá, “Kaapora – O Chamado das Matas”, 2020

Com origem entre os Pataxó Hã-Hã-Hãe de Caramuru-Paraguaçu do sul da Bahia, a artista cria narrativas ficcionais em performances e vídeos. No filme “Kaapora”, que integrou a exposição “Véxoa: Nós Sabemos”, na Pinacoteca de São Paulo em 2020, Olinda apresenta uma entidade protetora das florestas e pauta a luta pelo território dos Pataxó, entendendo a ligação espiritual dos povos indígenas com a terra.

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