O novo conjunto de pinturas apresentadas nessa exposição, dá seguimento à pesquisa de Patrícia Leite sobre a luminosidade e a vibração da luz. Já em suas duas exposições anteriores, Olha pro céu, meu amor e Lusco Fusco de 2018, ela vinha desenvolvendo um corpo de trabalhos em que busca revelar a luz no contraste com o céu do fim do dia. Sobre um fundo quase sempre escuro, surgem fogos de artifício, lua e estrelas, luzes de natal, uma fogueira, um brilho na água, uma fresta ou uma quina. A busca pela representação daquilo que “acende” encontra agora outras paisagens quase sempre urbanas. As cenas parecem um tanto melancólicas e fragmentadas, são enquadramentos de detalhes de elementos de um parque de diversão, recortes de letreiros brilhantes, uma visão em contre-plongé de um vitral em uma igreja… Em cada motivo, nas imagens editadas de seu arquivo pessoal há uma espécie de mundo singular com pontos de vista incomuns a partir de um pensamento visual único inspirado pelo cinema e pela fotografia.
Aproximar os trabalhos de Patricia Leite aos trabalhos de Cristiano Rennó teve como ponto de partida a memória afetiva da curadora sobre as cores de cada um, partindo do reconhecimento de um grande sentimento de liberdade que habita o trabalho de ambos. Tanto Cristiano quanto Patricia têm a cor como o elemento estruturante de sua produção e são artistas que resistem às categorias tradicionais da história da arte. Apesar de terem a pintura como atividade principal, não a praticam de forma convencional, nem no gênero, nem na forma.
Cristiano tem uma produção em pintura que segue dois eixos principais. No primeiro eixo, pelo plano bidimensional, ele experimenta diferentes tipos de suporte, desde a tela e a madeira até o isopor. Na série De bandeja (2016), ele utiliza embalagens de isopor como base para pinturas abstratas, principalmente monocromáticas, em que formas figurativas vão se revelando na materialidade da tinta e de outros materiais que se valem de tinta, como tabaco, cera ou terra. Nesses trabalhos, Cristiano segue o caminho inverso da pintura de Patricia, que tende à simplificação geométrica pela redução da figuração. Ele parte da abstração para a composição de pequenas paisagens.
Parques e outros pretextos
Curadoria: Camila Bechelany
Abertura: 25/05/19, 14h
Visitação: até 14/08/19; segunda a sábado, 11h-19h
Mendes Wood DM: Rua da Consolação, 3368, São Paulo. Entrada gratuita