Abel Rodríguez, “A árvore da vida e da abundância”, 2022. Acervo MASP. Foto: Eduardo Ortega
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, a partir de 10 de outubro, a exposição Abel Rodríguez (Mogaje Guihu): A árvore da vida e da abundância, primeira mostra individual do artista colombiano após seu falecimento. A exposição oferece um panorama da obra de Abel Rodríguez (Cahuinarí, Colômbia, 1941–2025), reconhecida pela contribuição única à representação e organização dos saberes ancestrais sobre a flora e a fauna da Amazônia colombiana.
O título da mostra reúne os dois nomes do artista: Mogaje Guihu, como é chamado entre os povos Muinane e Nonuya, e Abel Rodríguez, nome em espanhol que adotou quando foi forçado a sair da floresta. Na infância, Rodríguez recebeu de sua família muinane a formação para ser um sabedor, aprendendo a identificar e compreender os usos prático e simbólico das plantas e suas relações com outros seres. Sua vivência na Amazônia colombiana resultou em registros sobre as plantas, seus ciclos e estações da floresta em intrincados desenhos desenvolvidos a partir dos anos 1990, quando, a partir dos estímulos dos pesquisadores da fundação Tropenbos, começou a desenhar. Ao longo do tempo, seu trabalho começou a ser reconhecido pela cena de arte colombiana e internacional. Por sua contribuição ao debate sobre arte e natureza, o artista conquistou o Prêmio Prince Claus, o que ampliou a visibilidade de sua obra e o levou a participar de importantes bienais pelo mundo, como as de São Paulo, Veneza, Toronto, Gwangju, Sydney, além da documenta de Kassel.
Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Leandro Muniz, curador assistente, MASP, a mostra propõe um olhar analítico sobre a obra do artista, que rompe com o desenho botânico tradicional ao registrar a fauna e a flora da região a partir da perspectiva de seus conhecimentos ancestrais que partem de uma visão integrada da natureza. Enquanto a botânica tradicional disseca e descontextualiza as plantas, Rodríguez apresenta uma visão inter-relacional do ecossistema. “Meu conhecimento não é biológico. Ele é materialmente, espiritualmente e sentimentalmente conectado à floresta, à energia dela”, disse Abel Rodríguez, em 2024. Esse princípio orienta a estrutura da exposição em quatro núcleos: Árvores mitológicas, Desenhos botânicos, Ciclos, e Natureza integrada.
O núcleo Árvores mitológicas reúne desenhos de Rodríguez baseados nas narrativas Nonuya-Muinane sobre a criação do mundo. As árvores da vida e da abundância remetem à primeira árvore que origina a Amazônia e a momentos em que animais e humanos testam e disputam seus frutos até alcançar a harmonia social, desfeita pela ganância dos humanos, que derrubam a árvore a machadadas.
Aquarelas de pequenas dimensões estabelecem um paralelo entre o desenho botânico ocidental, difundido pelas expansões coloniais a partir do século 18, e os sistemas classificatórios indígenas. Trabalhos como Plantas cultivadas de la gente del centro [Plantas cultivadas da gente do centro] (2013) revelam a integração entre plantas, animais e suas funções sociais, ao mesmo tempo que registram ecossistemas, territórios e culturas, reunidos no núcleo Desenhos botânicos.
O núcleo Ciclos apresenta sequências visuais que mapeiam as transformações sazonais da floresta. As obras registram ciclos como o da floresta inundável que se transforma de acordo com o movimento de cheia e vazante dos rios, organizando a rotação de plantios na agricultura familiar da região e os períodos para a construção das malocas, habitações coletivas que estruturam a vida social indígena.
Os últimos trabalhos de Abel Rodríguez, incluindo obras de 2024 e 2025, apresentam uma visão do território na qual todos os elementos se conectam. Desenhos densamente povoados revelam comunidades indígenas, plantas e animais, seus hábitos e a convivência mútua, que formam o núcleo final da exposição, Natureza integrada.
Abel Rodríguez (Mogaje Guihu): A árvore da vida e da abundância integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia. A programação do ano também inclui mostras de Mulheres Atingidas por Barragens, Claude Monet, Frans Krajcberg, Clarissa Tossin, Hulda Guzmán, Minerva Cuevas e a grande coletiva Histórias da ecologia.
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