Eva Castiel, “Forquilha”. Imagem / Divulgação
A Galeria Izabel Pinheiro, em São Paulo, apresenta a partir de 11 de setembro, quinta, a exposição Foco e Fuga, individual de Eva Castiel. Reunindo pinturas inéditas realizadas ao longo do último ano, a mostra marca o retorno da artista à pintura —e sua estreia na tinta a óleo—, depois de décadas dedicadas a outros suportes como vídeo, instalação e trabalhos em papel. A mostra tem curadoria e texto de Henrique P. Xavier.
As obras surgiram de uma prática quase diária, em que imagens se acumulavam, se transformavam e se desviavam umas das outras. Não são séries fechadas, mas mostram aproximações sutis: atmosferas, gestos, formas que reaparecem e se deslocam. “Não busquei um tema único ou narrativo. São trabalhos que sustentam um campo de tensões e presenças instáveis, mais do que uma mensagem fechada”, afirma a artista.
O título da exposição sintetiza dois polos recorrentes no conjunto: o poste de luz, que “tenta clarear o vazio” e funciona como ponto de foco; e o horizonte, que chama o olhar para o que ainda não é, criando um vetor de fuga. Entre eles, a “movência” — termo que, para Castiel, descreve uma vibração contínua, uma lentidão ativa, um estado em que nada se fixa por completo. “Um paralisa, o outro chama. O conflito entre os dois é o que dá a movência”, explica.
Suas paisagens não representam lugares reais, mas funcionam como campos de deslocamento, sem horizonte fixo ou ponto de chegada. Nelas, figuras aparecem em devir, se abrindo a interpretações e transformações, exigindo do espectador um tempo mais lento. “Gosto quando a imagem vacila, quando obriga quem olha a permanecer mais tempo diante dela, tentando acompanhar suas mudanças.”
Para Eva Castiel, a pintura é um espaço para colocar problemas, não para resolvê-los. O erro e a instabilidade fazem parte do processo — um gesto que escapa ao controle, uma rasura que se torna elemento central. O corpo, sempre presente no ato de pintar, participa das decisões antes mesmo da consciência.
Com mais de 30 anos de trajetória, Castiel iniciou sua prática artística depois dos 40 anos e construiu um percurso marcado pela liberdade de experimentar diferentes linguagens. Agora, em Foco e Fuga, apresenta uma produção inédita que reativa o gesto da pintura em sua obra, revelando uma nova faceta de sua pesquisa.
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