Carolina Martinez, “Construir o tempo em cor”, 2025. Cortesia Galeria Marilia Razuk
A cor do tempo intitula a individual de Carolina Martinez no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, sua cidade natal, a partir de 9 de setembro. Nesta mostra, a artista apresenta uma seleção de obras recentes, realizadas entre 2022 e 2025, pontuada por trabalhos produzidos há mais de uma década, além de fotografias polaroid originais e pinturas em papel que marcaram o início de sua prática. Por meio de forma, luz e cores capturados a partir de um olhar atento sobre os espaços, tempos e afetos, as obras evidenciam tais elementos que marcam o caminho percorrido pela artista.
Há nos trabalhos de Carolina a forte presença do imponderável e do impalpável, já que o que se constrói para abrigo, como a arquitetura, os espaços e as casas, sobrevivem aos humanos. Tal impermanência se revela diante da permanência dos espaços construídos, das paredes, dos pisos e telhados que envolvem a vida e onde se sobrepõem memórias, vivências, acúmulos de tempo, de palavras, de dor e de alegrias. E a realidade, que muitas vezes se prefere evitar, já que é enquanto seres humanos a espécie a sumir, até mesmo, talvez, antes que a imagem fixada no filme instantâneo de uma polaroid desvaneça.
“Elas vão sumir, não vão mais estar aqui.” É assim que a artista se refere às fotografias em polaroid que realizou a partir de 2010 e que se desdobraram mais tarde em pinturas, colagens e pinturas em papel. Arquiteta de formação, Carolina também reflete acerca do uso da cor, um dos eixos principais de sua produção e que também marca a passagem do tempo.
A cor não é meramente um elemento compositivo. “É através da cor que construo espaços que confrontam a realidade, lugares que evocam o onírico, o espiritual. E cada escolha cromática, dialoga com outra camada essencial na minha pesquisa, que é a materialidade”, conta Carolina.
A arquitetura, no entanto, virou uma espécie de guia e se faz presente em suas composições, seja através da própria representação pictórica, seja nos suportes ou nas proporções e escalas dos trabalhos. Assim, o uso da madeira em seus trabalhos passa a ser uma realidade e, utilizada como suporte para suas pinturas, traz um dado central em sua pesquisa: a união da materialidade com a cor. Nos trabalhos da série Perímetros, iniciados a partir de 2015 e aqui representados por uma obra Sem título (2025), a artista incorpora ripas de madeira que acompanham os limites dos campos de cor, mas extrapolam o plano do suporte. Borrando os limites entre objeto e pintura, as obras da série adentram a superfície da parede através da projeção das sombras. Já na obra Contemplação, também parte desta mostra, surgem outros experimentos: peças de cerâmicas que a artista modela à mão, colore posteriormente em tinta acrílica e as incorpora às suas pinturas sobre madeira.
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