Felipe Rezende, “Uma solução prodigiosa para um problema barulhento”, 2025. Divulgação Galeria Leme
A Galeria Leme apresenta Arena, segunda exposição individual de Felipe Rezende em seu espaço. Com texto crítico de Amanda Tavares, a mostra reúne um conjunto em sua maior parte inédito de pinturas e instalações que ampliam a investigação do artista sobre deslocamentos geográficos, sociais e simbólicos, e suas tensões subsequentes.
Em suas obras, Rezende coleciona um vocabulário imagético para construir paisagens densas, habitadas por figuras humanas, semi-humanas e não-humanas, onde o real e o imaginário se sobrepõem. Combinando dados, imagens da internet, dispositivos de realidade aumentada e materiais industriais, suas composições são atravessadas por forças de ordem social, de classe, trabalho e meio ambiente.
Uma das obras da mostra parte de uma viagem recente do artista para o oeste da Bahia, no qual visitou uma fazenda de soja e milho. Lá confrontou-se com a fricção de coexistência entre a tecnologia de ponta e sua obsolescência em tanta evidência no local. Como escreve a curadora Amanda Tavares, o artista encontrou as “ruínas humanas e não-humanas espalhadas pelo terreno como vestígios de ciclos de vida exaustos, que acenam para o que persiste à margem da eficiência tecnológica.”
A obra que dá título à mostra, Arena, apresenta uma lona suspensa por uma estrutura circular no espaço expositivo, uma espécie de abrigo por fora, mas internamente marcados por sobreposições de tempos, matérias e narrativas. Mais do que um suporte pictórico, a lona funciona para o artista como corpo e território, carregando marcas e memórias desses deslocamentos.
Do outro lado da galeria, Rezende apresenta pela primeira vez em São Paulo a obra Uma solução prodigiosa para um problema barulhento (2025), exibida anteriormente na Fundação Vera Chaves Barcellos durante a 14ª Bienal do Mercosul. Com quase quatro metros de extensão, a pintura parte da saturação de imagens e dados que nos bombardeiam diariamente para parodiar os discursos de inovação e eficiência na indústria agrícola. Ao suspender imagens de veículos acidentados e incendiados junto a figuras humanas inspiradas, a obra sugere que existe um ruído entre o colapso e a apatia.
Cinco outras novas pinturas sobre lona de caminhão também ocupam o espaço expositivo, desdobrando ideias e diálogos que o artista entrelaça em suas instalações, ao mesmo tempo em que exploram o universo mais íntimo de suas figuras.
Arena articula o choque entre espaços e tempos vividos pelo artista, compondo um retrato social verossímil. Ao reunir fragmentos, aparições e resíduos, Felipe Rezende transforma a paisagem em campo de forças onde, como conclui a curadora, “a realidade orienta a invenção tanto quanto a invenção orienta a realidade.”
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