“Typologien” na Fondazione Prada

Vista da exposição “Typologien: Photography in 20th-century Germany”. Foto: Roberto Marossi. Cortesia da Fondazione Prada

Typologien é uma extensa investigação dedicada à fotografia alemã do século XX. O projeto, apresentado no Podium — espaço central da sede milanesa —, é curado por Susanne Pfeffer, historiadora da arte e diretora do MUSEUM MMK FÜR MODERNE KUNST de Frankfurt.

A exposição parte do princípio de “tipologia”, nascido nos séculos XVII e XVIII na botânica para classificar e estudar plantas, desenvolvido pela fotografia desde o início do século XX e amplamente consolidado no contexto alemão ao longo do mesmo período. Paradoxalmente, esse princípio formal permite traçar analogias inesperadas entre artistas alemães de diferentes gerações, ao mesmo tempo em que revela as abordagens singulares de cada um à fotografia.

A mostra segue uma organização tipológica — e não cronológica — reunindo mais de 600 obras fotográficas de 25 artistas fundamentais para compreender um século de fotografia na Alemanha, como Bernd e Hilla Becher, Sibylle Bergemann, Karl Blossfeldt, Ursula Böhmer, Christian Borchert, Margit Emmrich, Hans-Peter Feldmann, Isa Genzken, Andreas Gursky, Candida Höfer, Lotte Jacobi, Jochen Lempert, Simone Nieweg, Sigmar Polke, Gerhard Richter, Heinrich Riebesehl, Thomas Ruff, August Sander, Ursula Schulz-Dornburg, Thomas Struth, Wolfgang Tillmans, Rosemarie Trockel, Umbo (Otto Umbehr) e Marianne Wex. Um sistema de divisórias suspensas, que compartimenta geometricamente o espaço expositivo, propõe conexões inesperadas entre práticas artísticas distintas, mas alinhadas por um princípio ou intenção classificatória comum.

Como afirma Susanne Pfeffer: “Somente por meio da justaposição e da comparação direta é possível descobrir o que é individual e o que é universal, normativo ou real. As diferenças atestam a riqueza da natureza e da imaginação humana: a samambaia, a vaca, o ser humano, a orelha, o ponto de ônibus, o reservatório de água, o aparelho de som, o museu. A comparação tipológica revela diferenças e semelhanças, permitindo captar as especificidades. Aspectos até então ignorados ou desconhecidos da natureza, dos animais ou dos objetos, dos lugares e do tempo tornam-se visíveis e reconhecíveis.”

Na fotografia, aplicar o conceito de tipologia implica afirmar a equivalência entre as imagens e a ausência de qualquer forma de hierarquia quanto aos sujeitos representados, temas, gêneros ou fontes. No entanto, a tipologia é um conceito profundamente problemático e complexo, que opera dentro de uma condição paradoxal. Por um lado, permite uma documentação sistemática de pessoas e objetos baseada na extrema objetividade; por outro, corresponde a uma escolha individual e arbitrária — um gesto inquietante e, em certa medida, subversivo.

A hipótese de que a fotografia desempenha um papel central tanto na definição de fenômenos específicos quanto na organização e classificação da pluralidade do visível permanece uma força vital nas pesquisas artísticas atuais, que buscam interpretar a complexidade de nossas realidades sociais e culturais. Com a difusão das imagens e práticas digitais, a ideia de tipologia continua sendo constantemente questionada e redefinida por fotógrafos e artistas contemporâneos.

Como destaca Susanne Pfeffer: “A qualidade única, o elemento individual, parecem dissolver-se em uma massa global, na universalidade onipresente das coisas. A internet permite criar tipologias em poucos segundos. Este é justamente o momento crucial para que os artistas observem esses fenômenos mais de perto.” E conclui: “Quando o presente parece ter abandonado o futuro, é necessário olhar para o passado com mais atenção. Quando tudo parece gritar e se tornar cada vez mais brutal, é essencial fazer uma pausa e usar o silêncio para enxergar e pensar com mais clareza. Quando as diferenças deixam de ser percebidas como algo outro e passam a ser tratadas como elementos de separação, é preciso reconhecer o que temos em comum. As tipologias nos permitem identificar semelhanças inegáveis e diferenças sutis.”