Playlist AQA: Antonio Társis

Participante da 36ª Bienal, Antonio Társis montou uma playlist com diversos ritmos afrodisaspóricos, unindo Olodum a Sabotage

por Luiza Alves
2 minuto(s)
Retrato de Antonio Társis por Juliana Pazutti, 2025

Uma área de profundo interesse para Antonio Társis, a música foi um caminho para ele até descobrir a pintura em 2009. Natural de Salvador, Bahia, o artista utiliza objetos cotidianos como tática de composição e crítica. Caixas de fósforo, caixotes de feira e fragmentos de carvão são exemplos de elementos cuja fragilidade e caráter descartável são aproveitados para investigar as camadas simbólicas, políticas e históricas que atravessam esses materiais. Sua prática lida com os vestígios da industrialização, da extração colonial e das hierarquias econômicas, articulando ruína, memória e circulação.

Selecionado para a 36ª Bienal de São Paulo, ele atualmente prepara um novo projeto sobre a materialidade dos instrumentos nos ritmos afrodiaspóricos. Para o AQA, Társis montou uma playlist especial com suas principais referências musicais e compartilhou um pouco de sua pesquisa conosco:

“Nessa playlist pensei bastante sobre os ritmos que nasceram ou se reconfiguraram sob o trânsito afro-diaspórico — ritmos que não são apenas formas sonoras, mas estruturas de comunicação, contranarrativas, invenções formais, modos de estar no mundo Gnawa, Lucumí, Jazz, Samba Reggae… todos carregam um silêncio denso, apesar do ritmo sólido: o esforço de transformar fratura em continuidade, trauma em pulsão, marginalização em linguagem. São ritmos que emergem da necessidade humana — espiritual, social, física, política, e recriar vínculos com aquilo que foi fragmentado

Atualmente, estou desenvolvendo meu próximo projeto, “Catastrophe Orchestra”, que propõe uma síncope entre as narrativas evocadas pelos materiais e a possibilidade de extrair deles ritmo e sonoridade. É uma continuidade da pesquisa que venho construindo há anos — entendendo os materiais não apenas como suporte, mas como portadores de memória, narrativas sócio-históricas, tensão e deslocamento. O som aqui funciona como chave para interconectar matéria, história e ruína. O que me move é perceber como os materiais também se reconhecem mutuamente — assim como essas sonoridades, mesmo separadas por oceanos e séculos. Como a cadência Gnawa do tambor no Marrocos ressoa nos blocos afro-baianos, ou como os chamados do El Gagá haitiano e a síncope cubana se interceptam — como se cada um carregasse uma parte de um idioma comum, nascido no vácuo deixado pela catástrofe da diáspora, então chamei essa playlist de Diáspora Symphony”

Aproveite a playlist!

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