David Hockney, “Portrait of an Artist (Pool with Two Figures)”, 1972 © David Hockney – Imagem ilustrativa
A mostra David Hockney 25 evidencia como, nos últimos anos, o artista manteve um processo de renovação contínua, tanto em seus temas quanto nos modos de expressão. Sua capacidade de se reinventar por meio de novos meios é, de fato, notável. Inicialmente desenhista e exímio conhecedor das técnicas acadêmicas, Hockney tornou-se hoje um dos principais expoentes das novas tecnologias na arte.
Logo na entrada, são reunidas no térreo obras emblemáticas produzidas entre os anos 1950 e 1970 — desde seus primeiros trabalhos em Bradford (Portrait of My Father, 1955), passando por sua estadia em Londres, até chegar à Califórnia. O tema da piscina, ícone de sua obra, surge com A Bigger Splash (1967) e Portrait of an Artist (Pool with Two Figures) (1972). Sua série de duplos retratos está representada por duas pinturas fundamentais: Mr. and Mrs. Clark and Percy (1970–1971) e Christopher Isherwood and Don Bachardy (1968).
A natureza passa a ocupar um lugar cada vez mais central na produção de Hockney a partir das décadas de 1980 e 1990 — como evidencia A Bigger Grand Canyon (1998) —, até que o artista retorna à Europa para aprofundar sua exploração de paisagens familiares.
O núcleo principal da exposição é dedicado aos últimos 25 anos, período em que Hockney viveu principalmente no Yorkshire, onde reencontrou as paisagens de sua infância, e também na Normandia e em Londres. A mostra celebra essa fase com obras como May Blossom on the Roman Road (2009), em que transforma um simples arbusto de espinheiro em uma explosão espetacular da primavera. Sua observação do ritmo das estações culmina em Bigger Trees near Warter or/ou Peinture sur le Motif pour le Nouvel Âge Post-Photographique (2007), uma paisagem monumental de inverno pintada ao ar livre, emprestada excepcionalmente pela Tate de Londres.
Ao mesmo tempo, David Hockney continua a retratar seus amigos e pessoas próximas, seja com tinta acrílica ou no iPad — série pontuada por diversos autorretratos. A exposição reúne cerca de sessenta retratos na galeria 4, acompanhados de “retratos de flores” feitos no iPad, mas apresentados em molduras tradicionais, criando um jogo de percepções que se intensifica no dispositivo que os agrupa na parede em 25th June 2022, Looking at the Flowers (Framed), 2022.
Todo o primeiro andar — galerias 5 a 7 — é dedicado à Normandia e suas paisagens. A série 220 for 2020, realizada exclusivamente no iPad, é apresentada em uma instalação inédita na galeria 5. Nela, Hockney registra, dia após dia e estação após estação, as variações da luz. Na galeria 6, que dá continuidade a esse conjunto, destaca-se uma série de pinturas acrílicas com um tratamento muito particular do céu, animado por pinceladas vibrantes — uma evocação distante de Van Gogh. Já a galeria 7 apresenta um panorama composto por vinte e quatro desenhos a tinta (La Grande Cour, 2019), que remete à Tapeçaria de Bayeux.
O último andar se abre com uma série de reproduções que remontam ao Quattrocento, referências fundamentais para Hockney (The Great Wall, 2000). Sua pintura, alimentada pela história universal da arte desde a Antiguidade, tem como foco aqui a tradição europeia — da Primeira Renascença e dos mestres flamengos até a arte moderna. A primeira parte da galeria 9 testemunha esse diálogo com Fra Angelico, Claude Lorrain, Cézanne, Van Gogh, Picasso… Em seguida, o público é convidado a atravessar esse espaço transformado em uma espécie de sala de ensaio, como o próprio Hockney costuma fazer em sua casa, onde recebe músicos e dançarinos.
Apaixonado por ópera, o artista desejou reinterpretar suas criações para o palco desde os anos 1970 em uma nova composição polifônica, musical e visual, realizada em colaboração com o 59 Studio, que envolve o visitante na galeria 10, a mais monumental da Fundação.
A exposição se encerra em um espaço mais intimista — galeria 11 — dedicado às obras mais recentes pintadas em Londres, onde Hockney reside desde julho de 2023. Essas pinturas, especialmente enigmáticas, são inspiradas em Edvard Munch e William Blake: After Munch: Less is Known than People Think (2023) e After Blake: Less is Known than People Think (2024), onde astronomia, história e geografia se entrelaçam com uma forma de espiritualidade, segundo o próprio artista. Nesta última sala, ele decidiu incluir seu autorretrato mais recente.
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