Morre Koyo Kouoh, primeira mulher africana nomeada curadora da Bienal de Veneza

Kouoh faleceu aos 57 anos pouco antes de anunciar o conceito da Bienal de 2026, que lideraria como curadora-chefe

por Diretor
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Foto: Marco Longari/AFP via Getty Images

É com profundo pesar que comunicamos o falecimento de Koyo Kouoh, curadora camaronesa-suíça de presença decisiva no campo da arte contemporânea, ocorrido de forma súbita na madrugada de sábado, 10 de maio de 2025, aos 57 anos. Kouoh faria história como a primeira mulher africana a liderar a curadoria da Bienal de Arte de Veneza, cuja 61ª edição está programada para abril de 2026. A apresentação do título e tema da exposição estava prevista para 20 de maio.

Nascida em Douala, Camarões, em 1967, e criada em Zurique, Suíça, Kouoh iniciou sua carreira no setor bancário antes de migrar para o campo cultural, com foco inicial em literatura e cinema. Em 2008, fundou em Dakar a RAW Material Company, um centro de arte que se tornou referência em pensamento crítico e produção cultural no continente africano. Desde 2019, atuava como diretora executiva e curadora-chefe do Zeitz Museum of Contemporary Art Africa (Zeitz MOCAA), na Cidade do Cabo, África do Sul, onde revitalizou a programação com foco pan-africano e consolidou o museu como uma referência internacional – não só pela qualidade dos programas, mas pela firmeza ética com que conduzia os rumos da instituição. Não por acaso, seu trabalho sempre foi atravessado pela urgência de reescrever narrativas, de deslocar os centros, de abrir espaço para outras vozes.

A curadora também contribuiu significativamente para eventos internacionais, como as documentas 12 e 13, e foi curadora do programa artístico da feira 1:54 de Arte Contemporânea Africana entre 2013 e 2017. Em 2020, recebeu o Grande Prêmio Suíço de Arte / Prêmio Meret Oppenheim, reconhecendo sua relevância e importância para a arte contemporânea na Suíça e além.

Koyo pensava a arte como ferramenta política e forma de cuidado. Não separava o gesto curatorial da escuta, nem a pesquisa da reparação. Fez de seu caminho um exercício contínuo de generosidade e articulação, conectando artistas, ativistas e pensadores em redes transnacionais, plurais e sempre atentas às urgências do tempo. Seu nome foi também sinônimo de compromisso – com a arte, com as histórias apagadas, com o futuro que ainda pode ser outro.

Seu falecimento nos deixa em luto, mas também diante de um campo de pensamento e ação que continua em movimento. Seu legado permanece nas instituições que ajudou a moldar, nas conexões que criou e nas questões que lançou, muitas ainda por responder.

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