Luana Vitra, imagem de ateliê. Cortesia da artista e da Mitre Galeria, Minas Gerais e São Paulo. © 2025. Foto de Léo Mitre
A prática de Luana Vitra está profundamente enraizada em sua terra natal, Minas Gerais — região marcada pela extração mineral e pela intensa presença do ferro, elementos que atravessam sua produção de forma recorrente. Por meio de uma linguagem abstrata que se manifesta no desenho, na performance, na escultura e na instalação, sua obra investiga a carga transformadora e metalúrgica desses materiais, explorando seus potenciais de metamorfose. A artista constrói um diálogo entre suas formas naturais e industriais, e mais recentemente, suas dimensões espirituais.
Sua pesquisa se ancora em tradições filosóficas e espirituais da diáspora afro-brasileira, nas quais a terra é frequentemente compreendida como uma ancestral. Esta exposição amplia investigações recentes de Vitra em torno da materialização da força energética e simbólica de elementos naturais como a pedra, o barro e a areia. Aqui, ela entende os minerais como mediadores entre mundos seculares e espirituais — receptores, condutores, transformadores e sedimentadores de energia —, atribuindo-lhes forma por meio de uma nova instalação escultórica.
A exposição Amulets se abre com uma cortina ultramarina — tonalidade associada ao lápis-lazúli, mineral tradicionalmente utilizado em rituais espirituais. No espaço térreo, vasos de barro moldados por ceramistas anciãs de Minas Gerais são envoltos em tecidos brancos, fixados por nós e cravejados de pregos de ferro. Essas obras dialogam com as esculturas nkisi nkonde, objetos sagrados do povo Kongo, que frequentemente incorporam lâminas semi-inseridas como selos de pactos ou votos. Em Vitra, o uso de pregos e amarrações carrega esse ethos do selamento: a afirmação da energia do amuleto ou a concretização de um desejo.
As esculturas verticais em ferro — formas que surgiram à artista em sonhos — são concebidas como manifestações corpóreas do espírito mineral; a areia ao seu redor atua como proteção para o fluxo desses movimentos. Grandes pêndulos suspensos, tradicionalmente usados para medir tempo, gravidade ou variações energéticas, aqui são apresentados como instrumentos sensíveis à energia do corpo, como se fossem termômetros espirituais.
Em Amulets, Luana Vitra convida o público a olhar para além das propriedades materiais dos minerais e de sua circulação como mercadorias, e a imaginar as dimensões espirituais a que pertencem. As formas que emergem em sua prática se tornam orações visuais, encantamentos ou manifestações de uma energia ancestral.
Luana Vitra: Amulets é organizada por Jovanna Venegas, curadora.
Por ocasião da mostra, o SculptureCenter publicará o primeiro catálogo da artista em inglês (lançamento previsto para a primavera de 2025), com ensaio comissionado de Gabi Ngcobo, diretora do Kunstinstituut Melly (Roterdã); uma entrevista entre Luana Vitra e Diane Lima, curadora e escritora independente baseada em Nova York; e um texto curatorial de Jovanna Venegas. O projeto gráfico é assinado pelo Studio Lhooq.
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