Sonia Gomes, “Quando o sol nascer azul” (série Pano), 2021. Cortesia da artista e Mendes Wood DM. Foto: EstudioEmObra
Reconhecida por suas obras escultóricas de intensa materialidade, a aclamada artista afro-brasileira Sonia Gomes (nascida em 1948, Minas Gerais) combina objetos encontrados, tecidos e materiais naturais para criar formas evocativas que narram histórias de resiliência, transformação e beleza cotidiana. Inspirando-se nas tradições afro-brasileiras e em sua própria trajetória, suas esculturas exploram as complexidades da memória, da identidade e da herança cultural.
Nas galerias internas, uma seleção de obras de diferentes fases de sua carreira evidencia a abordagem transformadora que Gomes imprime à escultura. Ao costurar, amarrar e entrelaçar materiais doados ou descartados, ela lhes confere novos sentidos, tanto pessoais quanto coletivos. Suas esculturas têxteis, ricas em texturas, e os assemblages de madeira, fio e tecido guardam uma carga de intimidade e conexão — como se o gesto da artista permanecesse em cada dobra, nó e ponto — convidando o público a considerar as histórias contidas nos próprios materiais.
No Museum Hill, Ó Abre Alas! marca a primeira instalação ao ar livre de Gomes nos Estados Unidos. Composta por esculturas vibrantes e ritmadas, feitas com materiais resistentes como cordas náuticas, redes de pesca e paracord, a obra se suspende entre os galhos de uma árvore, em diálogo direto com a paisagem. Trata-se de um desdobramento ousado de sua prática, expandindo seus gestos manuais e íntimos em uma escala monumental e colaborativa com o meio natural. Para a artista, essa interação é essencial: “Meu trabalho tem muito a ver com a natureza, com as árvores, com o movimento dos troncos, dos galhos… Gosto que ele tenha essa conversa com a natureza.”
As cores vibrantes da instalação remetem ao espírito carnavalesco do abre-alas — o carro alegórico que abre os desfiles no Brasil — evocando celebração e abertura. O título também homenageia a composição homônima de 1899, escrita por Chiquinha Gonzaga, musicista afro-brasileira pioneira que transgrediu fronteiras entre o erudito e o popular. Ó Abre Alas! encarna a investigação poética de Gomes sobre memória cultural, música e alegria coletiva.
Com essa obra, a artista convoca o espírito comunitário e a potência de transformação que definem o Carnaval. Ao reimaginar a arte têxtil como um meio de narrativas e experiências compartilhadas, Sonia Gomes transforma materiais em testemunhas da vivência humana — tecendo, entre o artesanal e o monumental, um corpo poético que atravessa culturas, territórios e tempos.
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