A fotografia desempenhou um papel central na construção de sistemas de poder na sociedade, especialmente em contextos ligados ao crime e à punição. Esta exposição apresenta instalações imersivas contemporâneas do artista Jesse Krimes (americano, nascido em 1982), em diálogo com fotografias do século XIX do acervo do The Met, realizadas pelo criminologista francês Alphonse Bertillon — responsável por desenvolver o primeiro sistema moderno de identificação criminal, anterior à adoção das impressões digitais.
As instalações de Krimes, criadas ao longo de seus seis anos de encarceramento, revelam a engenhosidade de um artista que trabalhou sem acesso a materiais tradicionais. Utilizando sabonetes fornecidos pela prisão, gel para cabelo, cartas de baralho e jornais, ele produziu obras que buscam interromper e recontextualizar a circulação de imagens na mídia. Exibidas em contraponto às fotografias de Bertillon — cuja metodologia combinava medidas antropométricas e retratos fotográficos, dando origem à atual ficha de identificação criminal — as obras de Krimes questionam a suposta neutralidade dos sistemas de reconhecimento e as hierarquias sociais que eles ajudam a criar e perpetuar.
Artista para quem a colaboração e o ativismo são essenciais, Krimes fundou o Center for Art and Advocacy, uma organização voltada à valorização do talento e do potencial criativo de pessoas que passaram pelo sistema prisional, promovendo apoio e melhores condições para artistas anteriormente encarcerados.