Pílulas de notícias do mês de fevereiro

No segundo mês de 2025 tivemos disputas jurídicas, leilões polêmicos e notícias que pautaram as discussões quando o assunto é Artes Visuais

por Carolina Reis
4 minuto(s)
Fernando Botero, “Mulher da Sociedade”, 2003. Foto via Sotheby’s.

Mesmo tendo alguns dias a menos, fevereiro foi um mês cheio de acontecimentos relacionados às artes, seja no Brasil ou internacionalmente. Se destacam a indicação do artista italiano Michelangelo Pistoletto ao Nobel da Paz, bem como o primeiro Oscar brasileiro, o de Melhor Filme Internacional para o longa Ainda Estou Aqui. O cineasta recifense Gabriel Mascaro também foi premiado recentemente, conquistando o Urso de Prata em Berlim pelo filme “O Último Azul”. Ainda, artista brasileira Jessica Costa, representada pela Zipper Galeria, foi selecionada como finalista do prestigioso Loewe Foundation Craft Prize 2025.

A Bienal de Veneza vem marcando presença nas manchetes, seja com os anúncios das representações nacionais, como a da Austrália que segue indefinida após repercussão negativa da curadoria; ou na expectativa da divulgação do tema norteador da exposição principal, a ser anunciado em maio.

Artista Khaled Sabsabi, à direita, com curador Michael Dagostino. Foto: Anna Kucera, via ArtNet.

Retrato escondido em pintura da fase azul de Picasso revela que ele reaproveitava telas

Por trás do “Retrato de Mateu Fernández de Soto” (1901), feito por um Pablo Picasso de apenas 19 anos, especialistas em conservação encontraram uma pintura anterior retratando uma mulher. A descoberta foi feita por pesquisadores do Courtauld Institute of Art em Londres que detectaram a figura abaixo da superfície utilizando tecnologia avançada de imagem Raio-X. Mas a descoberta vai para além desse trabalho inicial do Período Azul, fornecendo novos insights sobre o processo criativo de Picasso e fortalecendo a tese de que o pintor reutilizava seus suportes.

Este retrato de seu amigo pessoal marca o início do Período Azul — uma fase que durou até aproximadamente 1904 e foi caracterizada por uma paleta monocromática dominada por tons frios. A descoberta antecede a inclusão da peça na exposição “Goya ao Impressionismo: Obras-primas da Coleção Oskar Reinhart”, que foi inaugurada na Courtauld Gallery em Londres em 14 de fevereiro. 

Esquerda: Pablo Picasso, Retrato de Mateu Fernández de Soto (1901). Foto cortesia da coleção Oskar Reinhart ‘Am Römerholz’, Winterthur, Suíça. À direita: Imagem infravermelha de Picasso, Retrato de Mateu Fernández de Soto (1901) pelo departamento de conservação do Courtauld Institute of Art, Londres. Foto via Artnet.
Esquerda: Pablo Picasso, Retrato de Mateu Fernández de Soto (1901). Foto cortesia da coleção Oskar Reinhart ‘Am Römerholz’, Winterthur, Suíça. À direita: Imagem infravermelha de Picasso, Retrato de Mateu Fernández de Soto (1901) pelo departamento de conservação do Courtauld Institute of Art, Londres. Foto via Artnet.

Destaques dos leilões de fevereiro

  • Aquarela de Egon Schiele, restituída a herdeiros de Fritz Grünbaum, preso pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, vai a leilão na Christie’s por US$ 1,3 milhão. Leia a história completa.
  • Obra de Camile Claudel perdida por mais de um século é vendida por cerca de R$ 21,7 milhões – mais que o dobro estimado.
  • O primeiro leilão vendendo exclusivamente obras feitas com Inteligência Artificial (IA) vendeu mais do que o estimado pela Christie ‘s, batendo o total de US$ 728.784. Quase metade dos participantes fazem parte das gerações Millennial ou Gen-Z, de acordo com um comunicado à imprensa. Refik Anadol foi o artista cuja obra faturou mais: “Machine Hallucinations – ISS Dreams – A” arrecadou US$ 277.200, trabalho criado a partir de uma base de dados com mais de 1,2 milhão de imagens da Estação Espacial Internacional. Este leilão ocorreu apesar da carta aberta de mais de 4 mil artistas repudiando o evento.
  • A Sotheby’s fez história este mês de fevereiro sediando o primeiro grande leilão de arte da Arábia Saudita. Intitulado “Origins”, o evento foi realizado em um anfiteatro no Bujairi Terrace, na cidade hipergentrificada de Diriyah, lar original da família real saudita, a 15 minutos de carro da capital, Riad. A casa arrecadou US$ 17,3 milhões (estimativa: US$ 14 milhões a US$ 20 milhões) em 117 lotes, com obras de arte de Banksy, Magritte e Botero, objetos de luxo e peças de design.
Primeiro leilão de arte na Arábia Saudita, via Sotheby’s.

Acervo de Haroldo de Campos fora da Casa das Rosas

Acervo do escritor Haroldo de Campos, composto por 21 mil itens, entre eles fotografias, manuscritos, além de livros, móveis e obras de arte da sua coleção pessoal, foi retirado da Casa das Rosas sem a autorização da família, responsável pelo espólio de Campos. O conjunto mantido pela instituição, que hoje é gerida pelo Instituto Poiesis, foi levado para a reserva técnica após 20 anos ocupando a casa histórica na Bela Vista.

Em nota, a Secretaria de Cultura de São Paulo afirmou que, para garantir condições adequadas para a preservação da coleção de Haroldo de Campos, o acervo foi transferido para um ambiente apropriado para preservar os itens. Segundo a nota, a visitação e a consulta aos materiais podem ser feitas mediante agendamento.

Disputa jurídica pelo direito autoral da marca “Banksy”

O artista anônimo Banksy pode perder o direito de uso de seu nome para a empresa de cartões Full Color Black, que acionou a justiça para cancelar a marca registrada alegando o “não uso” pelo artista, depois de utilizá-la sem pagar royalties. O julgamento sobre a propriedade intelectual está previsto para abril.

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