A Portas Vilaseca apresenta “Achados & Perdidos”, nova individual da artista Íris Helena, que será inaugurada no dia 27 de novembro, quarta-feira, a partir das 19h00, na sede da galeria no Rio de Janeiro (Rua Dona Mariana, 137 – casa 2 – Botafogo).
Com curadoria de Lucas Albuquerque, a exposição entrecruza a mais recente pesquisa da artista – iniciada em Londres durante residência na Gasworks – com sua pesquisa anterior. Enquanto a primeira trata sobre arquivos fotográficos do período do Ciclo do Algodão na Paraíba, que durante o século XVIII engendrou a demanda de exportação da commodity mediante o uso de mão de obra escravizada, a segunda versa sobre a relação entre horizonte e ruína na urbe, um polo complementar da ideia de modernidade e progresso.
“Achados & Perdidos” explora a interseção entre memória coletiva e a construção da modernidade por meio de objetos escultóricos e instalações. A exposição investiga os vestígios deixados por corpos historicamente esquecidos, propondo uma reflexão crítica sobre as narrativas da modernidade e os fantasmas que ainda habitam sua história.
No primeiro andar, a série “Primeira Pedra” destaca mãos de trabalhadores que participaram da construção de Brasília, capturadas em fotografias de arquivos. Reinterpretadas por Helena, essas imagens ganham nova vida em relevos de pedras portuguesas, um símbolo marcante do urbanismo forjado no Brasil Colônia. Os fragmentos de gestos – mãos que empunham ferramentas, repousam, ou se erguem em protesto – revelam histórias de luta, resistência e sonhos silenciados. A escolha das pedras como suporte reforça a ideia de uma arqueologia poética, transformando essas mãos em fósseis modernos que clamam por visibilidade e reflexão.
No segundo andar, a série “Contos do Algodão” volta-se para outro capítulo da exploração moderna, resgatando a história do Ciclo do Algodão na Paraíba. Por meio de imagens transferidas para tecidos, Íris Helena evoca a precariedade do trabalho escravizado que sustentou a exportação da commodity no século XVIII. A instabilidade das imagens – frequentemente borradas ou rasgadas pela trama do material – reflete a dificuldade de recuperar memórias apagadas, mas insiste na urgência de dar corpo a essas ausências.
Ao conectar o “espírito de Brasília” ao Ciclo do Algodão, Helena traça um arco que questiona os custos humanos da modernidade e as dubiedades das narrativas da “ordem e do progresso”. Segundo Albuquerque:
“Como em um grande centro de distribuição de objetos sem dono, navegamos sobre os resquícios de um projeto de humanidade (…) que foi sonhado por muitos, mas instrumentalizado por poucos. É nos estratos dos arquivos que Íris Helena reclama a propriedade dessas memórias, não para si, mas para o contemporâneo que nos forma.”
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