Convidados pela Luis Maluf Galeria, os artistas Mônica Ventura e Deco Adjiman assinam a exposição “De tudo fica um pouco”, que terá início em 19 de outubro na unidade Jardins. Sob a curadoria de Ana Carolina Ralston, a mostra aborda questões temporais evocando ancestralidades e pontuando a passagem do tempo de forma curvilínea, refletindo-se nas materialidades. Como explica a curadora: “É sobre a passagem deste tempo, seu entrelaçar com a ancestralidade e sua inevitável relação com a transformação da matéria que se trata o diálogo contido nessa mostra.” A exposição estará em cartaz até 7 de novembro de 2024.
A não linearidade dessa passagem é intrínseca a ambos os artistas e suas obras. Mônica Ventura faz uso do pincel e de formas tridimensionais, nas quais amplifica sua própria ancestralidade e onde cria conexões que a trazem para o hoje. Em Alteia (I, II e IV), de 2024, as obras apresentam contornos que nos remetem aos Zangbetos, guardiões vodu da noite dos cultos iorubá. São obras nas quais “tais espíritos movimentam-se por meio da música e protegem os seres que os rodeiam”, explica Carol. Ainda nas palavras da curadora, “a relação espiritual ancestral que surge nas telas de Ventura permeia toda sua produção. Seja de forma bi ou tridimensional, a artista antropomorfiza sua linguagem, nos levando a questionar as
formas e os estereótipos que habitamos e replicamos.”
Deco Adjiman, por sua vez, traduz em poesia, e também apresenta, as matérias naturais advindas dos caminhos por ele percorridos, in loco. Assim, a obra que dá título à mostra, “De tudo fica um pouco”, traz velhas enciclopédias recheadas de folhas secas, coletadas por suas andanças, numa representatividade de como algo que já está no esquecimento, devido ao tempo, nesse caso como as enciclopédias, pode ter ou receber algo novo, diferente. A obra “Coleção de chão”, de 2021, que também integra a mostra, é outro exemplo do trabalho de Adjiman, em que apresenta 54 pequenos frascos com diferentes composições sedimentares. Aqui, mais uma vez, as palavras se fazem presentes, já que a obra traz um ensaio escrito por ele e no qual devaneia sobre as definições de território.
Poeta e artista, a escrita é indissolúvel para Adjiman na criação de seus trabalhos. “A literatura e, consequentemente, a palavra são parte essencial do processo de Adjiman, assim como do próprio objeto final de seu trabalho. Versos estão contidos de forma explícita ou delicadamente inseridos de maneira subjetiva em todo o seu percurso”, finaliza Ana Carolina
Ralston.
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