A Escola de Artes Visuais do Parque Lage anuncia “Tudo que tive que engolir nessa vida”, exposição inédita de Pedro Varela (Niterói, 1981), artista visual e professor da instituição. Sob a curadoria de Adriana Nakamuta, a mostra vai ocupar a Capelinha a partir do dia 13 de junho de 2024, com inauguração às 19h.
“Fruto de uma geração atravessada pela tecnologia e marcada pela chegada dos smartphones, Pedro Varela nos convida a uma experimentação visual e uma vivência contemporânea ao conectar real e virtual, analógico e digital. Sua prática é uma importante demonstração das múltiplas perspectivas do próprio ofício da pintura e do desenho, tão presentes nas aulas que acontecem na EAV há quase cinco décadas”, comenta a curadora.
É vasto o universo iconográfico pelo qual o artista transita. E a paisagem é uma espécie de eixo central em sua produção. Pequenos fragmentos simbólicos do imaginário coletivo funcionam como “hiperlinks analógicos” nas muitas camadas que compõem a cartografia imagética de Varela, frequentemente pautada pelo humor e pela crítica.
A exposição reúne um conjunto de seis trabalhos realizados nos últimos três anos, que partem da matriz do desenho e, orientados pela lógica da colagem, resultam num híbrido entre paisagem e narrativa. Referências que vão da história da arte aos memes tentam dar conta dos excessos e das vivências do artista em um mundo digital e analógico.
“Durante muito tempo eu me referi a essas séries como ‘hiperpaisagens’, mas hoje tenho outro entendimento. Vejo que sou uma pessoa que vive de forma ansiosa sob a pressão de um fluxo muito intenso de informações e, para dar conta desse excesso, foi preciso repensar o espaço-tempo. Me interessa um ponto de vista fragmentado, um conceito de paisagem que vá além da representação tradicional baseada em uma única perspectiva, como era no Renascimento”, diz Varela, que já expôs sua obra em países como França, Dinamarca, México, Uruguai e Catar.
A seleção apresentada na individual inclui a multicolorida instalação “Sonhário” (2022), em sua terceira versão, com peças inéditas de dimensões variadas. Uma profusão de pinturas azuis (em referência à tinta da caneta bic) compõe a série monocromática sem título, produzida em 2024: são pequenos fragmentos que, recortados e colados uns aos outros, narram a complexidade de um tempo.
Os insetários que a avó de Pedro criava, a bióloga Lourdes Silveira Barreto, são o disparador da série de trabalhos em técnica mista organizados com alfinetes. A intenção, segundo o artista, é catalogar imagens e experiências vividas em diferentes universos.
A palavra é um elemento conceitual recorrente nas obras reunidas na mostra. São expressões cotidianas, memórias, letras de músicas, trechos do noticiário, de conversas com amigos ou memes extraídos das redes sociais. Em recente texto crítico, o curador carioca e ex-professor da EAV Parque Lage, Marcelo Campos, escreveu que “devorar é verbo impositivo para quem resolve se lançar nas atividades da criação. Devoração tornou-se gesto e consciência autofágicos nos trabalhos recentes de Pedro Varela… O ato de rever seus próprios desenhos e pinturas, recortando-as e aproveitando os pedaços, talvez seja um fato, desde o início da produção de Varela. Portanto, aqui, não se trata da ‘hipocrisia da saudade’, nos termos do Manifesto Antropófago, de Oswald de Andrade. Selecionar, seccionar, dar sentido aos papeis em fragmentos, imaginar aparições são procedimentos que vemos em trabalhos do artista ao longo de sua trajetória”.
Desde 2019, Pedro Varela ministra os cursos “Colagem como forma de pensamento” e “Perdendo a linha”, na EAV Parque Lage.
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