“Reincarnations of Shadows” de Thao Nguyen Phan Pirelli HangarBicocca

Thao Nguyen Phan (Cidade de Ho Chi Minh, 1987; vive e trabalha na Cidade de Ho Chi Minh) desenvolveu uma linguagem visual na qual a matéria pictórica, atuando como elemento conceitual, narrativo e conectivo, combina-se com diferentes meios e suportes, desde têxteis até livros impressos. Em seus vídeos, a pintura ganha vida, criando uma imagética onírica na qual tradições populares, narrativas de contos de fadas, literatura, filosofia e vida cotidiana se fundem. A artista traça os eventos históricos turbulentos do Vietnã, refletindo sobre as mudanças ambientais e sociais relacionadas ao impacto humano, como a exploração de recursos naturais e a destruição e colonização da paisagem.

Reincarnations of Shadows é a primeira exposição individual dedicada a Thao Nguyen Phan por uma instituição italiana. Ela inclui novas produções e apresenta uma série de instalações, aquarelas, esculturas e vídeos, imergindo os visitantes na obra delicada da artista. O título da exposição se inspira no novo vídeo, Reincarnations of Shadows (moving-image-poem) (2023), encomendado pela Pirelli HangarBicocca e co-produzido pela Fondazione In Between Art Film. Ao explorar a figura da artista Diem Phung Thi (1920-2002) – uma das primeiras escultoras modernistas vietnamitas que viveu e trabalhou entre a França e o Vietnã – o vídeo reflete sobre os significados sociais da história da arte e da arquitetura, bem como as relações intergeracionais entre mulheres artistas em contextos pós-coloniais. Phan questiona as possibilidades de reencarnação e ressignificação de símbolos, gestos e rituais ocultos que permaneceram nas sombras, transmitidos através de narrativas orais sussurradas e frequentemente abafados pelos efeitos persistentes do colonialismo. A ideia da reencarnação permeia todo o trabalho da artista, em parte devido à presença de elementos visuais e sonoros recorrentes. Por meio de uma abordagem reminiscente da religião budista, a artista não busca metas ou resultados conclusivos em sua prática, mas transforma cada projeto em uma espécie de organismo vivo que pode se readaptar, moldar e assumir novas formas.