O Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta a exposição Biógrafo: Daniel Senise com 37 obras do artista produzidas entre 1992 e 2022. Reconhecido sobretudo como pintor, Senise manufatura suas próprias “tintas” não com pigmentos, mas com resíduos que se acumulam em locais abandonados. Interessado nessa materialidade repleta de vivências e memórias, coleta seus resíduos em um processo moroso de decalque, com resultados muitas vezes frutos de certo acaso. Seu atelier transforma-se em um repositório de matéria coletada que vai produzir suas paisagens renovadas.
Biógrafo reúne obras que partem dos lugares importantes para Senise: a casa surge como lugar de memórias pessoais, o atelier abriga o trabalho minucioso de transferir a matéria coletada para a superfície das telas, enquanto o museu, situado no limite entre pintura e fotografia, exerce seu poder de reenquadrar a arte e sobrepor camadas de múltiplos significados. Para Marta Bogéa e Helouise Costa, curadoras da exposição, “na variedade das obras configura-se um vasto território comum de presenças ausentes. O conjunto, tomado como um itinerário biográfico, nos remete ao título de uma série que permeia toda a exposição”.
Os lugares apresentados por Senise não são dóceis, ágeis ou rapidamente decifráveis. Alinhados ao processo de criação, exigem do observador tempo e disposição de olhar. Temas recorrentes na pintura e na história da arte são tratados por meio de uma espécie de lente que altera elementos habitualmente presentes no mundo, denotando o modo particular de observação do artista. A mostra termina no corpo-matéria dos tijolos que são simultaneamente paisagem e revestimento, arquitetura e obra. Memórias que mobilizam tempo e espaço transfigurados num exercício tátil de olhar.
Daniel Senise (1955) nasceu no Rio de Janeiro. Formado em engenharia civil em 1980, no ano seguinte ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde participou de cursos livres até 1983 e foi professor de 1985 a 1996. Desde os anos oitenta tem participado de importantes mostras coletivas como a Bienal de São Paulo, a Bienal de La Habana, em Cuba, a Bienal de Veneza, a Bienal de Liverpool, a Bienal de Cuenca, a Trienal de Nova Delhi, no Musee d’Art Moderne de la Ville de Paris, no MOMA, em Nova York, no Centre Georges Pompidou, em Paris, no Museu Ludwig, em Colônia, Alemanha, além de diversas individuais. O MAC USP possui duas obras do artista em seu acervo, que não integram a exposição: uma pintura de 1984-1985 e uma gravura de 1995.
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