A Tefaf, a Fundação Europeia de Belas Artes, organiza uma das feiras mais especiais do mercado de arte atual, que acontece anualmente em três ocasiões diferentes, uma na cidade de Maastricht, na Holanda, e duas em Nova York, na primavera e no outono. A edição de Maastricht, que inaugura neste sábado, dia 25 de junho, traz peças absolutamente selecionadas e raridades históricas a preços exorbitantes e é direcionada a um comprador bastante qualificado – e exigente.
Na edição deste ano, o artista Oleksandr Bohomazov (1880-1930), um dos mais importantes artistas de avant-garde ucraninanos, ganha um espaço especial apresentado pelo marchand russo James Butterwick, que recentemente tem focado no mercado de arte ucraniana. Bohomazov viveu nos arredores de Kiev, onde uma de suas netas ainda vive e onde fica sua antiga casa, que sobreviveu milagrosamente aos bombardeios russos. Exibindo 25 obras do artista, Butterwick pretende doar 15% de seu lucro na Tefaf a fundos de socorro ucranianos e afirma estar interessado em trazer notoriedade ao artista, ainda desconhecido por muitos.
Apesar de ter nascido em território ucraniano, durante sua vida a Ucrânia ainda fazia parte do território russo e toda a questão sobre identidade nacional dos países que pertenceram ao Império Russo ou à União Soviética acaba vindo à tona, principalmente quando o assunto é cultura, principalmente em meio a uma guerra ilegítima pela supremacia russa. É de extrema importância que, enquanto o mundo testemunha os saques a museus e a destruição do patrimônio e da herança cultural da Ucrânia pelas tropas russas, a arte ucraniana seja exposta em eventos desta grandeza.
As obras de Bohomazov levadas à feira por Martin Muller, da San Francisco’s Modernism gallery, e Butterwick, que possui uma relação próxima com as netas do artista e trouxe todo o “background” de certas obras, são dezenove trabalhos em papel, cujos preços variam entre Є 20.000,00 e Є 165.000,00 e seis pintura a óleo, cujos preços variam entre Є 250.000,00 e Є 1.75 m.
Depois da morte da artista por tuberculose em 1930, Wanda Monastryrska, sua mulher, escondeu as obras do marido tanto dos soviéticos quanto dos nazistas, que desprezavam toda a arte de vanguarda. As obras de Bohomazov, portanto, foram redescobertas e inseridas no mercado apenas a partir da década de 1960.
Além das obras do artista ucraniano, a Tefaf deste ano traz algumas obras em destaque. São elas: Jovem menina dormindo, 1847, de Gustave Courbet; O triunfo de Galateia, 1675, de Luca Giordano. Além disso, a tela Choupos perto de Nuenen, 1885, de Vincent Van Gogh será exibida antes de ser restaurada pelo fundo de restauração da Tefaf.