Fim de ano e a gente tá como? Acabadxs só querendo se jogar no sofá! Entre ficções e produções baseadas em fatos reais, selecionamos filmes e séries que falam sobre roubos milhonários, falsificações impressionantes, golpes inimagináveis e até manifestações sobrenaturais artsy!
São pérolas da sétima arte e blockbusters do novo mundo das séries documentais que trazem críticas ao sistema da arte de forma intrigante (e indignante!) que costuram, ainda, comentários sobre sexismo e racismo no meio. Nos fazem repensar sobre o conceito negativo de “cópia”; os sistemas de segurança dos museus; o fragil e contraverso poder de alguns agentes do mercado; e, a pressão sobre os artistas guiada pelo ritimo frenético de vendas e sede por novidades constantes. Mas também tem muita sedução, intriga e risada.
Bateu curiosidade? Confira essa lista animada:
(documentários e ficções baseadas em fatos reais)
1.O Maior Roubo de Arte de Todos os Tempos, na Netflix
Um pacato museu idealizado por uma ousada colecionadora que esconde joias. O Museu Isabella Stewart Gardner é uma joia, no meio da violenta Boston, que por muitos passava desapercebida…até o dia 18 de março de 1990, Dia de São Patrício, o famoso St Patrick’s Day. Enquanto outra zona da cidade estava agitada com a festividade, dois policiais chegaram ao local pedindo para entrar e, depois da liberação do guarda escalado para o horário, eles anunciaram: era um assalto! Maior roubo de arte de todos os tempos ( This Is a Robbery: The World’s Biggest Art Heist, no título original) relata a história da investigação dos dois ladrões que amarraram os funcionários que estavam de vigia naquela madrugada, entraram nos salões do museu e roubaram diversas obras, levando cerca de duas horas até finalizarem o roubo.Entre as 13 peças levadas , estavam dois Rembrandt, The Storm on the Sea of Galilee e A Lady and Gentleman in Black ; um Manet, Chez Tortoni; e, um Vermeer, The Concert. Hoje, 32 anos depois, o conjunto das obras perdidas é avaliado em 500 milhões de dólares.
2.Fake Art – Uma História Real, na Netflix
“Enquanto a arte for vendida por muito dinheiro, veremos fraudes em grande escala”. A frase dita por Jason Hernandez, ex-promotor de justiça de Nova York, no final do documentário Fake Art: Uma História Real (Made You Look: A True Story About Fake Art, no original) é uma das reflexões que o filme nos traz.
Dirigida por Barry Avrich, esta produção traz à tona um dos casos mais emblemáticos de falsificação de obras de arte do mundo trazendo inímeros questionamentos sobre os jogos e mecanismos do sistema da arte. Como a origem de obras importantes são questionadas ou mapeadas pelos marchands? Como especialistas chancelam telas que valem milhões? A ideia negativa de “cópia”, dessenvolvida no ocidente, faz sentido?
O filme acaba plantando sementinhas de dúvida sobre a autenticidade de grandes obras de arte que conhecemos! Isso porque ele fala sobre como, começando em 1994, uma suposta art dealer de Long Island conseguiu convencer a diretora de uma das mais cultuadas galerias de Nova York a vender obras falsas de grandes pintores do expressionismo abstrato.
3. The Last Vermeer, no Prime Video
Quem define o que é uma boa obra de arte? Por que alguns têm o poder de separar um pintor gênio de tantos outros considerados medíocres? Eles podem errar? Baseado em fatos reais, o filme The last vermeer é mais do que uma história de mistério na Holanda do pós-guerra: a narrativa dirigida por Dan Friedkin também nos faz pensar sobre as fragilidades dos sistemas das artes visuais e sobre no papel decisivo de alguns agentes, como os críticos de arte e os diretores de museus.
Acusado de vender, aos nazistas, uma suposta tela de Johannes Vermeer, um dos mais memoráveis artistas da Holanda, o artista Han Van Meegeren entra numa instigante jornada com o capitão Joseph Piller para provar ( ou não!) sua inocência. Mas um artista que consegue falsificar tão bem um grande mestre não seria também um grande artista?
Quanto vale uma obra de arte para uma sociedade? Vale o que o mercado define? Vale pagá-la com os impostos recolhidos da população? Num primeiro olhar, o filme Duke é só mais uma adorável e comovente comédia com boa interpretação de Jim Broadbent e Helen Mirren. A produção dirigida por Roger Michell, no entanto, traz a verdadeira história de Kempton Bunton e levanta questões pertinentes ao mundo da arte.
Cidadão comum da Inglaterra dos anos 1960, Bunton era um idealista, um socialista comprometido, que tentava ser reconhecido por sua arte escrevendo peças de teatro para lidar com um luto. Mas ele era também um revolucionário de palanque que descreve como “uma injustiça social” os impostos cobrados pelo governo inglês para que a população tenha licença para ver televisão.
Após uma fracassada sequência de protestos, Bunton se depara com uma matéria sobre o retrato de Arthur Wellesley, o duque de Wellington, pintado por Francisco Goya. A obra acabara de ser adquirida pelo Estado, sendo exposta na National Gallery como um grande “tesouro nacional”. Ele argumenta que o dinheiro teria sido mais bem gasto fornecendo licenças gratuitas de TV para todos os aposentados idosos do Reino Unido e…resolve roubá-lo.
(ficções)
De injustiça também é feito Lupin, um seriado-sucesso da Netflix, que apresenta um plano de assalto no Louvre. O que poderia ser só mais uma história de roubo de obras de arte em museu vai muito além disso. Nessa adaptação da fábula de Maurice Leblanc acompanhamos o personagem Assane Diop (Omar Sy) cujo objetivo é roubar não por motivação financeira, mas para resolver um drama familiar e uma clássica história de racismo.
O pai do protagonista morreu na prisão, após ser condenado por roubar o mesmo objeto que o filho planeja roubar do museu. Ele não só quer se vingar por acreditar que o pai foi preso injustamente, acusado pelo patrão branco, mas também porque acredita que o pai não se matou na prisão, mas sim foi morto por um assassino contratado pelo mesmo homem que o acusou. Diop planeja um roubo engenhoso para comprometer a família da elite responsável pelo sofrimento de sua própria família.
Candyman não é exatamente um filme sobre arte, mas algumas questões que se concentram o sistema e mercado de arte estão presentes. Dirigido por Nia DaCosta e produzido por Jordan Peele ( A. K. A. Não! Não olhe! , Corra e Nós) a produção tem roteiro adaptado de um conto do escritor Clive Barker assinado por DaCosta e Peele. A história de terror se desenrola a partir de acontecimentos que acabam por reviver uma lenda urbana histórica no bairro de Cabrini Green, em Chicago. Dizer “Candyman” de forma sonora na frente de um espelho faz com que um assassino com gancho no lugar de uma das mãos seja evocado.
O personagem principal, Anthony McCoy, interpretado por Yahya Abdul-Mateen II, é um artista que vive um momento complexo de sua carreira, pressionado pelas pessoas a sua volta a criar novas obras, com ideias frescas e que se descolem um pouco de sua produção anterior. Sofrendo com isso ele acaba caindo numa verdadeira enrascada. Já sabem, ne? Vamos rever o excesso de feiras, exposições e sede de novidades?
7. O Melhor Lance, Prime Video
Outro assunto recorrente para quem vive diariamente no mundo da arte é o espólio de grandes colecionadores que podem representar ( e valer) uma mina de ouro se bem avaliado e negociado. Pois bem: esse é o ponto de partida de O Melhor Lance ( La migliore offerta, no original).
O leiloeiro bem-sucedido Virgil Oldman fica profundamente intrigado por uma mulher misteriosa chamada Claire Ibbetson, que sofre de agorafobia e se recusa a ser vista pessoalmente. Ela o procura para que ele avalie a coleção que herdou. A história é narrada com grande senso e sensibilidade pelo roteiro inteligente de Giuseppe Tornatore, que também é diretor do filme. O leiloeiro é ajudado por seu amigo Robert a restaurar peças antigas que são encontradas entre os objetos da mulher. Mas uma grande revelação vira todo de cabeça para baixo e deixa o espectador em choque.
Tudo Pela Arte, dirigido por Giuseppe Capotondi chamou a atenção do grande público por um detalhe muito peculiar: tem Mick Jagger no elenco. O músico interpreta Joseph Cassidy, um colecionador milhonário que convida um importante critíco de arte, James Figueras ( Claes Bang) para passar o final de semana em sua mansão e intrevistar um grande artista que permanece recluso ali. Até aí tudo normal dentro do que pode ser considerado “normal” no mundo da arte.
Mas os planos iam muito além de uma simples entrevista: Figueras tinha a intenção de roubar um trabalho, mas acaba perdendo ofoco ao se deparar com um dilema, quando suas próprias ambições acabam se misturam com um segredo que o velho mestre recluso esconde há décadas. O filme sugere alguns questionamentos urgentes dentro do mundo da arte como os privilégios exagerados, a misoginia e os inexplicaveis valores de mercado!