O desenvolvimento de novas tecnologias, desde a fotografia no século XIX até a realidade virtual, nos anos 2000, sempre impactou a produção artística. Uma parcela dos criadores vem incorporando esses meios avançados em suas produções e o número de artistas que passam a lidar com elementos tecnológicos cresce constantemente.
Pensando nisso, o ARTEQUEACONTECE preparou uma lista com 6 artistas que trabalham a relação entre artes visuais e tecnologia de maneira singular. Vem conhecer!
1. Luke DuBois
R. Luke DuBois é um artista, compositor e performer estadounidense cujas obras partem da investigação sobre a fonografia eletrônica e digital, associada a temas como relacionamentos online, política internacional e ícones pop. DuBois começou criando softwares de programação musical que combinavam ritmos, notas e sons digitais em composições aleatórias. Mas em seus trabalho o artista também debate questões centrais da cultura norte-americana, como em Missed Connections, projeto online que realiza buscas entre anúncios do Craigslist (espécie de Classificados digital) de diversas cidades, pareando termos empregados pelos anunciantes por similaridade e colocando-os em contato quando possivelmente respondem um ao outro.
2. Gisela Motta e Leandro Lima
A dupla brasileira Motta e Lima começou sua produção em vídeo, mas logo expandiram suas investigações e pesquisas para incluir outras dimensões da tecnologia. Em obras como Calar, por exemplo, os artistas aprecem em dois vídeos: em cada vídeo vemos o rosto de uma pessoa captada com uma camera térmica, as mudanças na temperatura da pele acontecem mediante ao toque do outro. Parceiros há mais de 15 anos, Motta e Lima também interessam-se pelas possibilidades de interação entre público e obra, concebendo por vezes dispositivos que permitem uma imersão no trabalho. Outras vezes, criam máquinas que mimetizam o funcionamento do corpo humano, como em Respiro, de 2018 – uma máquina autônoma preenche de ar ritmadamente diversos balões de látex espalhados pelo chão, que aos poucos esvaziam. Percebe-se o respirar dessas peças que inflam e expelem o ar, como num suspiro.
3. Hito Steyerl
Hito Steyerl é conhecida pela variedade de iniciativas que encampa: é também cineasta e escritora, além de realizar performances. Nascida na Alemanha em 1967, estudou no Japão, mas hoje vive e trabalha em Berlim. Seus trabalhos já fizeram parte do Pavilhão Alemão na Bienal de Veneza de 2015 e, na edição de 2019, fazem parte da exposição central da mostra bi-anual. Seus vídeos instalativos misturam realidade virtual e aumentada com narrativas poéticas e ficcionais. Em Veneza, por exemplo, Hito concebeu uma inteligência artificial que “prevê” o futuro. Na Bienal de São Paulo, apresentou uma obra na qual robôs virtuais tinham suas habilidades físicas testadas e desafiadas, questionando os limites de abuso e força com corpos não-concretos.
4. Claudio Bueno
Claudio Bueno é artista, pesquisador e professor, e frequentemente seus trabalhos partem de tecnologias – digitais ou não – para questionar as relações entre corpos, entre espaços e entre sistemas inteiros. A pesquisa de Bueno reside em um campo intermediário entre ação, participação e espacialização, materializando-se com frequência em intervenções de longa duração e instalações que demandam a presença do público para acontecer. Tais assuntos também informam seu mestrado, intitulado Que Lugar é esste?, e seu doutorado, Campos de Invisibilidade, desenvolvidos no departamento de artes visuais da ECA-USP.
5. Philippe Parreno
Parreno é um artista francês de origem argelina que vive e trabalha em Paris. Ele se formou pela École des Beaux-Arts de Grenoble em 1988 e em 1989 no Institut des Hautes Études en Arts Plastiques do Palais de Tokyo, em Paris. Seus trabalhos borram os limites entre ficção e realidade, usando todos os tipos de mídia e suporte tecnológicos inovadores. Recentemente, Parreno tem lançado mão de dispositivos de realidade aumentada e virtual junto com objetos concretos e reais, questionando nossas fronteiras de percepção. O artista usa painéis de LED, pianos auto-tocantes, robôs que controlam a iluminação e a umidade da sala expositiva, algoritmos que determinam a vibração de um espelho d’água, e assim por diante.
6. Eva e Franco Mattes
A dupla italiana se conheceu em Berlim, em 1994, e nunca mais se separou. Os artistas operam sob o pseudônimo 0100101110101101.org, e são conhecidos por serem pioneiros no uso da internet e dos computadores na produção artística. Muitas de suas obras debatem as implicações éticas do uso da internet, investigando como as situações sociais se formam e as misturas entre ficção e realidade que são indistinguíveis. Entre 1995 e 97, os Mattes viajaram pelo mundo visitando importantes mostras na Europa e nos EUA e roubara 50 fragmentos de trabalhos conhecidos, incluindo obras de Duchamp, Kandinsky, Beuys e Rauschenberg, mas apenas revelaram o feito em 2010. Mas a fama veio mesmo quando o casal comprou o domínio vaticano.org, de modo a competir com o site oficial. Eles praticamente clonaram o site original, mas com algumas modificações.