O 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão fica em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo até 17/11! O ARTEQUEACONTECE preparou uma lista com 5 obras que você não pode deixar de ver na exposição!
1. Mama, 2019 – Antonio Obá
Antonio Obá investiga as relações e contradições das construções culturais e identitárias no Brasil, questionando os estatutos sociais e políticos estabelecidos. O artista faz uso de símbolos étnicos, religiosos e históricos para recontar histórias distorcidas ou apagadas e suscitar reflexões sobre as tensões que permeiam os nossos tempos contemporâneos. Para o Panorama, Obá não realizou performances – que são frequentes em suas pesquisas – mas sim uma série de pinturas que lidam com a imagem do corpo negro e miscigenado, com destaque à pintura Mama (2019).
2. Bamburrô, 2019 – Dalton Paula
A obra de Dalton Paula é uma das mais belas instalações na mostra. O artista, que mora e trabalha em Goiânia, desenvolve há anos pesquisas que discutem versões da história brasileira e as possíveis reescritas dessa história de maneira a inserir toda uma cultura de herança africana apagada dos registros oficiais. Com Bamburrô, Paula monta uma espécie de banda de marcha ou fanfarra, em posição de desfile, a partir das batéias usadas na mineração no Brasil e gamelas de madeira. Esses anacrônicos utensílios – ainda em uso em garimpos pequenos ou clandestinos – foram coletados na Serra Pelada, Pilar de Goiás e Diamantina, e carregam a marca do tempo e do desgaste do uso, e ganham uma nova camada com pinturas de instrumentos musicais feitas com tinta a óleo e folha de ouro. A marcha caminha silenciosa, evocando as tradições folclóricas brasileiras e afro-atlânticas.
3. Desaquenda, Furya Travesti e Prosperydady Travesty – Vulcanica PokaRopa
A artista Vulcanica PokaRopa é uma performer travesti, conhecida pela produção da série “Desaquenda” pela Cucetas Produções, disponível integralmente no YouTube. Parte dessa série de entrevistas com mulheres trans e travestis está exposta na vitrine do MAM que antes abrigava a famosa aranha de Louise Bourgeois. A instalação traz diversos estandartes com frases de luta e trechos dos depoimentos das entrevistadas, além de 4 televisores que trazem ao público uma seleção desse material documental.
4. Cerca, substantivo feminino, 2013–16 – Mabe Bethônico
O trabalho de Mabe Bethônico sempre gira em torno de arquivos, documentações e memória, seja de instituições, seja de uma história oficial ou de personagens que escolhe pesquisar. Entendendo que realidade e ficção são conceitos móveis e que as informações podem sempre ser re-construídas, retrabalhadas, a artista dedica sua atenção a uma questão central de sua terra natal: a mineração em Minas Gerais. Para o Panorama, Mabe apresenta um capítulo do projeto que realizou no Museu de Etnografia de Genebra sobre os arquivos do geólogo suíço Edgar Aubert de la Rüe, refletindo sobre biomas brasileiros e como as cercas físicas podem ser entendidas simbolicamente dentro das estruturas políticas, sociais e culturais no Brasil.
5. Cadernos de Campo, 2019 – Vânia Medeiros
A obra de Vânia Medeiros, de 2019, resulta de um processo coletivo com profissionais do sexo de Salvador e profissionais da construção civil de São Paulo. A artista convidou sete prostitutas e sete operários para desenharem, em encontros realizados ao longo de um mês, suas rotinas de trabalho, suas ferramentas de uso laboral e histórias de suas vivências, resultando em cadernos super coloridos. Uma longa vitrine da mostra expõe uma parte dos desenhos e diversas fotos dos encontros. A artista, então, extraiu elementos desses desenhos e os acumulou em pôsteres que podem ser levados para casa pelo público – de um lado da bancada, um tipo contém ferramentas e objetos típicos dos canteiros de obra; do outro, a pilha de papel carrega itens recorrentes no imaginário da prostituição, entre preservativos, acessórios e brinquedos sexuais.