AQA indica: 5 artistas imperdíveis na mostra “Histórias das Mulheres” do MASP

Em 2019, o eixo temático das exposições do MASP – como tem sido organizada a programação nos últimos anos – foi dedicado às mulheres. A principal mostra do ciclo foi…

por Julia
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Em 2019, o eixo temático das exposições do MASP – como tem sido organizada a programação nos últimos anos – foi dedicado às mulheres. A principal mostra do ciclo foi um projeto duplo, com duas exposições paralelas: Histórias das mulheres e Histórias Feministas. Entre os dois projetos, Histórias das mulheres foi o mais bem sucedido, reposicionando de maneira muito especial os trabalhos e as vidas de artistas mulheres que produziram até o final do século 19. Com alguns fios condutores e uma expografia que criava vizinhanças excepcionais entre nomes que não conviveram temporal ou geograficamente, a mostra foi capaz de re-apresentar artistas que de alguma forma foram esquecidas e apagadas do, ou sequer tiveram a chance de integrar o sistema da arte.  Confira aqui uma lista de 5 nomes que você precisa conhecer nesta exposição!

 

1. Artemisia Gentileschi

Artemisia Gentileschi viveu entre 1593 e 1653. Natural de Nápoles, a artista serviu na corte do rei Charles I da Inglaterra, depois de ser a primeira mulher a entrar na academia de desenho de San Luca (Accademia delle arti del disegno), em Florença, em 1616. É perceptível uma leve influência de Caravaggio na maneira meio terrena com que a pintura se constrói, mas sua produção mais tardia é marcada por uma certa economia pictórica que é afeita ao gosto classicista do meio do século XVII. A obra apresentada no MASP traz uma versão que Gentileschi criou da morte de Cleópatra, cuja personagem central evoca uma mistura de Madonna e “A Liberdade guiando o Povo” de Eugène Delacroix – pintada quase 200 anos depois. A caracterização da figura e do cenário é toda clássica (o seio à mostra era sinal de bravura, coragem) e não há elementos explícitos que remetem ao Egito, mas sim panejamentos e adornos típicos da cultura grega. A artista tem sido reconhecida nos últimos anos como um grande omissão da história da arte, uma lacuna que agora vem sendo preenchida com recordes em leilão e aquisições em museus importantes.

 

2. Abigail de Andrade

Abigail de Andrade foi a primeira mulher a receber uma medalha de ouro no salão da academia de Belas Artes no Rio de Janeiro. Natural de Vassouras, foi morar na capital – na época, Rio de Janeiro – onde teve aulas no Liceu de Artes e Ofícios, além de ter sido aluna de Angelo Agostini, com quem eventualmente estabeleceu uma relação amorosa. O casal enfrentou o escândalo do divórcio e da gravidez fora dos laços do casamento mudando-se para Paris em 1888, onde Abigail viria a falecer no ano seguinte. Há poucas obras oficialmente atribuídas à artistas, mas todos os seus trabalhos são marcados por um talento imenso, um trabalho de luz sensível e recorrentemente encaixados no tema do autorretrato ou da autorrepresentação. Ela é um dos exemplos de artistas mulheres que teriam sido excluídas das Academias se tivesse ido para o Rio poucos anos antes.

 

3. Élisabeth Louise Vigée Le Brun

Nascida antes da Revolução Francesa, em 1755, Le Brun foi uma das principais retratistas da corte da rainha Maria Antonieta. Depois da revolução, a artista refugiou-se no Reino Unido onde, monarquista convicta, continuaria a pintar e integraria-se com a academia liderada por Sir Joshua Reynolds.

 

4. Eva González

Apesar do nome de Eva Gonzalès estar sempre associado aos impressionistas, a artistas nunca chegou a expor nas mostras realizadas pelo grupo. Contudo, foi a única aluna que Édouard Manet aceitou ensinar em seu ateliê, depois de conhecê-la em 1869. A relação com Manet fica evidente na tela “Um Camarote no Teatro dos Italianos”, de 1874, que evoca a obra “Un bar aux Folies-Bergère”. Esta pintura tem um significado distinto para Eva, já que a ópera era uma das poucas situações sociais onde as mulheres podiam circular livremente sem julgamentos ou repressões. A tela tem uma composição curiosa: a figura central é feminina, muito luminosa, completamente destacada do fundo pela pele alva e pela roupa clara. A figura masculina é um adereço lateral e se funde com o fundo da pintura, desaparecendo no cenário. As flores lembram um elemento de outra obra de Manet, o buquê que é ofertado á personagem central de “Olympia”, de 1863.

 

5. Celia Castro del Fierro

Celia Castro del Fierro é considerada a primeira artista profissional do Chile, tendo sido aceita na Academia de Pintura de Santiago em 1877. Já em 1884, Fierro ganhou o prêmio principal do Salão de Pintura, o que deu muita visibilidade à sua obra, e participou da Exposição Universal de 1889, em Paris, quando alcançou o terceiro lugar.

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