No início da pandemia do novo coronavírus, vimos obras de Edward Hopper e Hammershøi serem bastante usadas para falar sobre a solidão, sobre a ansiedade causada pelo estar só. Vamos completar agora um semestre desde que a Covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil, deixando até agora mais de 110 mil mortos.
Se no início dessa pandemia já estávamos muito ansiosos com todo o contexto de crise sanitária, política e econômica que vivemos, agora está ainda mais complicado aguentar. #VemLogoVacina
Sabemos que está cada vez fica mais difícil o isolamento social, mas a necessidade de se manter nele é ainda muito necessária hoje, já que não temos visto os números de contágio e de vítimas fatais diminuir no país.
Reunimos aqui 11 obras de artistas que abordaram a solidão de alguma forma em seus trabalhos, explicitando toda as questões psicológicas que a melancolia do “estar apenas consigo mesmo” causa nas pessoas. São artistas para além de Hopper e Hammershøi, e que trazem essa temática em contextos diferentes.
Egon Schiele
Artista favorito de Freud, Schiele levou às suas obras muitas referências sobre a solidão, foi um tema crucial para o desenvolvimento de seus trabalhos. Essa solidão era muito ligada à uma dor interna e a uma sensibilidade categórica do indivíduo.
Paula Rego
Portuguesa radicada na Inglaterra, a artista Paula Rego explicita em suas obras uma solitude relacionada às questões da mulher na sociedade, a ansiedade de se viver em um mundo misógino, que nega direitos e está o tempo todo exercendo pressões no “ser mulher”, o que culmina em uma fragilidade que desemboca na solidão.
Abed Al Kadiri
O artista perfilado no nosso AQA Pesquisa da semana passada, o libanês Abed Al Kadiri traz em suas obras a ansiedade singular de quem vive em meio a conflitos o tempo todo, na incerteza de um amanhã pois há um peso psicológico de viver nos tempos contemporâneos. A questão é muito latente em sua série States of Anxiety.
George Condo
A ansiedade do sujeito está diretamente ligada aos retratos de George Condo que pintam o grotesco, o medo, o desassossego e o isolamento em si. Ao embaralhar as figuras, o artista aponta para os conflitos internos do indivíduo, causados pelas perturbações cotidianas do nosso modo de vida.
Edvard Munch
Apesar de muito conhecido, é difícil ver Munch ser lembrado como o ícone da solidão que ele é. Suas obras clássicas sempre comunicaram, de certa forma, a angústia do isolamento e do estar só, carregando isso numa cena muito melancólica, mesmo quando as figuras representadas estão acompanhadas.
Billie Zangewa
Trabalhos de muita força da sul-africana Billie Zangewa retratam a potência da mulher negra que vive só. As obras da artista podem ser observadas a partir da ótica do termo “solidão da mulher negra”, que destaca as subjetividades da mulher negra sendo preterida pela sociedade.
Tracey Emin
Para a artista britânica Tracey Emin, a vulnerabilidade e a solidão são questões que estão sempre vinculadas ao seu trabalho. Recentemente, em uma exposição online, mostrou obras feitas durante a pandemia permeadas por essas temáticas. Falamos sobre essa exposição aqui.
Bruce Nauman
Não só a solidão individual é uma questão para Bruce Nauman, mas também o medo, a falha e o desejo de se estar no controle. Todas essas questões fazem com que o artista norte-americano seja um dos nomes mais conhecidos na arte quando o assunto é a ansiedade da vida contemporânea.
Rashid Johnson
Em individual realizada entre abril e junho deste ano, sediada no site da Hauser & Wirth, o artista Rashid Johnson abordou a ansiedade trazida pelo “contexto contínuo de instabilidade global e nossa nova realidade”. Untitled Anxious Red Drawings teve toda a sua linha baseada na saúde mental.
Josef Hofer
Surdo e mudo, o artista austríaco Josef Hofer criou suas obras na solidão e no silêncio, tendo se isolado durante grande parte da sua vida por causa de suas condições. Sua obra é permeada por essa biografia, onde o desejo de liberdade é frequente.
Oswaldo Goeldi
As gravuras do carioca Oswaldo Goeldi sempre apresentaram uma onda sombria, mostrando a solidão nos espaços públicos, ao longo da cidade. Essa atmosfera solitária eminente era fruto da observação do artista especialmente acerca das pessoas que eram marginalizadas pela sociedade.