13 artistas brasileiros para acompanhar em 2021

Uma lista com artistas para acompanhar no próximo ano, que se destacaram e estiveram em nosso radar, chamando bastante a atenção em 2020

por Jamyle Rkain
10 minuto(s)

Durante o ano de 2020, nós do ARTEQUEACONTECE acompanhamos tudo o que movimentou no cenário da arte, tanto nacional quanto internacional. Selecionamos aqui artistas cuja pesquisa e a prática chamaram nossa atenção durante este ano difícil, se destacando em diversas frentes, e que com certeza estarão em nosso radar para o próximo ano!

Tratam-se de artistas novos ou que só ganharam visibilidade nos últimos anos, mas já apresentam um corpo de trabalho consistente e uma investigação urgente e relevante para o mercado. Apesar de muitos deles ainda não ter representação em galeria, já ganharam prêmios, estiveram em bienais, integraram projetos notórios, foram anexados a coleções institucionais importantes e estão na wishlist dos colecionadores. Fique de olho nessa turma e em seus promissores projetos.

Veja abaixo quem são esses artistas.

Arthur Chaves

Entre novembro de 2019 e janeiro de 2020, Arthur Chaves realizou uma individual na Galeria Superfície, onde acaba de ser integrado ao time de artistas representados. Ele é formado em design de moda pela Universidade Veiga de Almeida (2007), Rio de Janeiro. Ele se dedica ao desenho em suas múltiplas acepções. Suas últimas obras conciliam pintura, desenho e costura em peças de tecido sem forma definida. Entre 2007 e 2016, participou de exposições na Casa França Brasil, Rio de Janeiro; na The School for Curatorial Studies, Veneza; na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e no Ateliê Subterrânea, Porto Alegre. Atualmente, é professor do curso Procedência e Propriedade no Ateliê Novo Mundo, Rio de Janeiro.

Jota Mombaça

Jota Mombaça é uma artista brasileira nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, que hoje vive e trabalha em Lisboa, Porturgal. Em 2020, participou da 18ª Festa Literária Internacional de Paraty, falando de seu livro Não Vão nos Matar Agora, que será lançado pela Cobogó no início de 2021. A artista também terá uma individual no CCSP, que é integra as exposições de parceiros da 34ª Bienal de São Paulo. Jota é bicha não binária, nascida e criada no Nordeste do Brasil, que escreve, performa e faz estudos acadêmicos em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos kuir, giros descoloniais, interseccionalidade política, justiça anti-colonial, redistribuição da violência, ficção visionária e tensões entre ética, estética, arte e política nas produções de conhecimentos do sul-do-sul globalizado.

Tiago Sant’Ana

Tiago Sant’Ana é artista visual, curador e doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente, tem trabalhado junto à programação cultural do Goethe-Institut Salvador-Bahia, realizando curadorias e coordenação de projetos. Seus trabalhos imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras, entendendo as dinâmicas coloniais que envolvem a produção da História e da memória. Foi laureado com o Soros Arts Fellowship (2020), vencedor do Prêmio Foco ArtRio (2019) e um dos indicados ao Prêmio Pipa (2018). Participou de exposições nacionais e internacionais, como no Museu de Arte do Rio, no MASP e Instituto Tomie Ohtake, no The Fowler Museum e na Grosvenor Gallery UK. Atuou como curador-assistente da 3ª Bienal da Bahia (2014), além de ter organizado outras mostras como “O espaço dividido” (2019), “Kaurís” (2019), “Concerto para pássaros” (2019), “Vamos de mãos dadas” (2018), “Campo de Batalha” (2017) e “Future Afro Brazil Visions in Time” (2017). Suas obras fazem parte de acervos públicos como o do Museu de Arte do Rio, Museu de Arte Moderna da Bahia e Casa de Cultura da América Latina. Também trabalhou como professor no curso de Artes na Universidade Federal da Bahia.

Giulia Puntel

Giulia Puntel é uma artista visual que vive e trabalha em São Paulo. Em 2020, ela participou da exposição Matrioshka, realizada pela Galeria Bergamin & Gomide em parceria com o Projeto Vênus, do qual a artista faz parte. Graduada em Artes Plásticas pela escola Guignard (UEMG), mudou-se para São Paulo onde participou do grupo de investigações críticas em pintura sob orientação de Regina Parra e Rodolpho Parigi e também da residência Pivô Pesquisa, em 2018. Em outubro de 2019, abre sua primeira individual no programa ZipUp da galeria Zipper, chamada “boa noite cinderela”. Suas obras foram expostas nas ocupações #GAL001 em Maio, #GAL0012 em Outubro em Belo Horizonte e na Feira Parte em São Paulo, em Novembro 2018. Sua prática artística se inicia no teatro, migra para o cinema e chega, finalmente, na pintura, onde desenvolve tensões e diálogos entre imagens, por vezes utilizando técnicas e materiais inusitados.

Aline Motta

Aline Motta nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro. Atualmente, ela vive e trabalha em São Paulo. Em 2020, ela participou da Bienal do Mercosul e teve obra comprada pelo Malba para seu acervo. Além disso, realizou uma exposição individual, Aline Motta: memória, viagem e água, no Museu de Arte do Rio. É bacharel em Comunicação Social pela UFRJ e pós-graduada em Cinema pela The New School University (NY). Combina diferentes técnicas e práticas artísticas, mesclando fotografia, vídeo, instalação, performance, arte sonora, colagem, impressos e materiais têxteis. Sua investigação busca revelar outras corporalidades, criar sentido, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência. Foi contemplada com o Programa Rumos Itaú Cultural 2015/2016, com a Bolsa ZUM de Fotografia do Instituto Moreira Salles 2018 e com 7º Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça 2019. Participou de exposições importantes dos ciclos realizados pelo MASP, Histórias Feministas e Histórias Afro-Atlânticas (junto ao Instituto Tomie Ohtake).

Ana Raylander Martís dos Anjos

Ana Raylander Mártis dos Anjos é uma artista nascida em Minas Gerais que atualmente vive em São Paulo. Em 2020, foi responsável pelo primeiro levantamento de artistas transmasculinos e não-binários nas artes visuais, reunindo 90 nomes. Em sua prática procura estabelecer um diálogo entre a história coletiva e a sua própria história, o que tem chamado de prática em coralidade, envolvendo grupos de pessoas para colaborações e experiências de aquilombamento. Com formação em palhaçaria, bacharelado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil) e Arte e Multimédia pela Escola Superior Gallaecia (Portugal), entende sua atuação como um fazer interdisciplinar e transversal*. Vem recorrendo com frequência aos saberes da educação, escrita, performance e brincadeira como forma de compor um maquinário verbal, corporal e ético para discutir suas urgências em projetos de longa duração. Foi contemplada com uma residência na Adelina Instituto (2019) e com o Prêmio de Residência EDP nas Artes, do Instituto Tomie Ohtake (2018), realizou o projeto Coral de Choros, no Programa de Exposições do CCSP (2018), participou de mostras na Galeria Aura, Centro Cultural UFMG, XIX Bienal Internacional de Cerveira e Novas Poéticas. Realizou mostras individuais no Brasil e Espanha.

Castiel Vitorino Brasileiro

Castiel Vitorino Brasileiro é uma artista visual nascia em Vitória, no Espírito Santo, macumbeira e psicóloga formada em Universidade Federal do Espirito Santo. Neste ano, participou do programa IMS Convida e foi uma das artistas brasileiras que integrou a 11ª Bienal de Berlim. Ela desenvolve o seu mestrado em Psicologia Clínica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde tem orientação da Profa. Dra. Suely Rolnik. Castiel vive a macumbaria como um jeito de corpo necessário para que a fuga e o descanso aconteçam. Dribla, incorpora e mergulha na  diáspora Bantu, e assume a vida como um lugar perecível de liberdade. Atualmente, desenvolve estéticas macumbeiras de sua Espiritualidade e Ancestralidade Travesti e foi idealizadora do projeto de imersão em processos criativos decoloniais Devorações.

Gustavo Caboco

Gustavo Caboco foi um dos artistas a serem confirmados na mostra principal da 34ª Bienal de São Paulo, adiada para 2021. Também em 2020, venceu o 3º prêmio seLecT de Arte e Educação na categoria Artista. Ele nasceu em Curitiba, Paraná, tendo crescido com influência das histórias ancestrais contadas por sua mãe, indígena Wapichana, da terra indígena Canauanim. O artista faz uso do desenho, do texto, na escuta, no bordado, no som, como formas de dialogar com as atualidades indígenas, sua identidade e a preservação da memória. 

Heloisa Hariadne

Heloisa Hariadne é uma artista visual que integra o Coletivo Nacional Trovoa e o Hoa Tour que tem despontado e chamado muito a atenção com suas pinturas. Ela pesquisa a memória violenta que o corpo carrega ao decorrer de uma série de recortes sociais. Explora a inversão desses corpos e como as performatividades dos mesmos trilham uma poética que trata de um caminho invisibilizado, à procura de vestígios que não sejam ligados somente ao racismo, mas sobre quaisquer outros assuntos. Perpetua uma vontade de seguir pelo vago e, ao mesmo tempo, pelo habitável – lugar no qual todos os corpos se encontram, no de ser humano. No campo da pintura retrata, figurativamente, uma memória de registros, de olhares, de pessoas. Seu trabalho resulta em formas de aparente docilidade mista em acidez, pinturas que revelam, para além da potencialidade estética, a possibilidade de trabalhar o emocional e o racional ao mesmo tempo, quando retrata corpos dissidentes.

Iagor Peres

Iagor Peres frequentou a Universidade Federal Fluminense (UFF), no curso de Bacharelado em Artes. Atua nas linguagens de dança, performance e artes visuais. Curador e coordenador geral do “Palco Preto” pelo CARNE – Coletivo de Arte Negra. Fez sua primeira exposição individual no Espaço Maumau em 2018 no Recife e participou de outras exposições coletivas, como “Peixe Vivo” no Centro de Artes (Niterói), “Cinecão” no Espaço Maumau (Recife), “Malungo Eu” (exposição online), “60secondsdance” (Islândia) e Festival “Dança em Foco” (Rio de Janeiro). Usa de práticas híbridas que transfiguram e convergem diferentes linguagens para compor processos de criação. Em 2020, fez parte do ciclo do projeto de pesquisa do Pivô, curado por Clarissa Diniz. Atua em circuitos independentes e de construções contra-hegemônicas. Fala mais pelo corpo do que pela própria boca.

Davi De Jesus Do Nascimento

Davi de Jesus do Nascimento é artista plástico, performer e poeta barranqueiro. Gerado às margens do Rio São Francisco – curso d’água de sua pesquisa – trabalha coletando afetos da ancestralidade ribeirinha e percebendo “quase-rios’’ no árido. Um de seus maiores interesses para a nascença na prática primária da pintura é a terra, mãe inicial.Na fotografia, utiliza seu corpo como instrumento de medida do mundo. Corpo-médium, confrontado e confundido com a natureza. Uma natureza aquática, barrenta e silenciosa que pode ser lida como isca, peixe e pedra. Em 2016 apresentou a exposição virtual “La Mémoire Trempée’’, com o artista Arthur Camargos, pelo Centre Culturel du Brésil, Paris, França. Em 2017 ilustrou o livro de poesias “Eu, Bonsai”, de Maria Isabel Carlos; e teve seu primeiro texto publicado na “Chico’’, revista do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Em 2017 e 2018 participou das mostras coletivas “Entrepassados’’, no Morro da Conceição – RJ e “Cisco Lasca Triz”, na Galeria DotART, respectivamente.

Márcia Falcão

Márcia Falcão é uma artista nascida no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha atualmente. Ela tem como um dos temas de seus trabalhos a problemática feminina vista através de experiências pessoais. A cidade do Rio de Janeiro é o cenário desta pesquisa, sendo belo e poético, mas também violento e assustador. As imagens possuem uma linguagem figurativa como meio para transmitir críticas à contemporaneidade e passam também pelo grotesco. A artista, graduada em Pintura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, também se apropria de imagens iconográficas da história da arte, buscando romper com as figurações canônicas ressignificando-as à contemporaneidade, de forma com que, na maioria das vezes, estes icones se adequem às identidades gráficas e alegorias do subúrbio.

Edu de Barros

Edu de Barros é um artista visual gradudado Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. UC-Rio. Em sua prática, ele trabalha com desenhos, pinturas, esculturas, performances, objetos, filmes e instalações, que para ele desempenham um papel importante numa espécie de liturgia sagrada. O artista, que vive e trabalha na favela da Rocinha, faz uso de simbolismos satíricos para desenvolver interpretações críticas da vida cotidiana e também que perpassam pela História brasileira, sendo ela também a História recente do país, enfatizando “a colonização hegemônica e as consequentes estratégias de subversão e visibilidade entre os campos contemporâneo e tradicional”. No meio, é conhecido por sua proposta de revisão histórica dicotômica e por formularum fictício Apocalipse Brasileiro, que esteve presente em sua exposição em 2020 na Sé galeria, em São Paulo, na qual o artista se encerrou para cumprir o isolamento social, vivendo durante meses no espaço. 

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