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14 artistas brasileiros inspirados pelo carnaval

Seja por conta do apelo visual exacerbado ou simbolismos nacionais, a festa da carne já inspirou os mais diversos artistas brasileiros ao longo das décadas, especialmente durante o modernismo e…

por Julia

Seja por conta do apelo visual exacerbado ou simbolismos nacionais, a festa da carne já inspirou os mais diversos artistas brasileiros ao longo das décadas, especialmente durante o modernismo e a arte contemporânea. Entre no clima carnavalesco conferindo a nossa seleção de obras abaixo.

1. Tarsila do Amaral

Carnaval em Madureira, 1924, Tarsila do Amaral

Depois de um período estudando em Paris, Tarsila do Amaral retornou ao Brasil logo depois do acontecimento que fundou oficialmente o Movimento Moderno no país, a Semana de Arte de 1922. Seu grande amigo Blaise Cendrars, um poeta francês, veio visitá-la e conhecer o país tropical em 1924. Então Tarsila e os outros modernistas o acompanharam em diversas viagens pelo Brasil, incluindo uma passagem pelo carnaval carioca, que inspirou a tela acima.

Talvez você esteja imaginando que a Torre Eiffel que aparece no centro do cenário retratado, seja uma invenção saudosista da pintora. Mas a verdade é que essa torre existiu de verdade, como uma réplica menor da versão parisiense, no bairro de Madureira no Rio de Janeiro.

2. Heitor dos Prazeres

Carnaval nos Arcos da Lapa”, c. 1960, Heitor dos Prazeres

Heitor dos Prazeres talvez tenha sido um dos maiores retratistas do carnaval brasileiro. E não à toa, afinal o pintor carioca participou da fundação das primeiras escolas de samba do país, além de interpretar e compor diversos sambas clássicos de nossa cultura.

Suas pesquisas pictóricas pautavam sobretudo o cotidiano das favelas e da população negra, perpassando cenas de rituais do candomblé, bares, rodas de samba, entre outras. Uma das características marcantes de sua linguagem é o fato de sempre retratar seus personagens com o rosto de perfil e com a cabeça e olhar voltados para o alto, as cores vibrantes e as figuras bidimensionais.

3. Emiliano Di Cavalcanti

Carnaval, 1965, Di Cavalcanti

Nascido no Rio, Di Cavalcanti foi para São Paulo estudar e integrou-se ao grupo de artistas que foi responsável pela Semana de Arte Moderna de 1922. Mas em seu trabalho sempre retratou as paisagens, as comunidades, os morros e as festas populares da capital fluminense. Entre o subúrbio e o samba, Di também retratou cenas de carnaval, como nesta pintura de 1965, já uma fase madura do artista.

4. Carybé

s.t., 1984, Carybé

Nascido na Argentina, Carybé se fixou na Bahia desde a década de 1950. Suas obras sempre foram marcadas por um traço muito gráfico, e seus assuntos pictóricos sempre foram ligados ao local que escolheu como sua terra. Pescadores, ambulantes, lavadeiras e outros personagens recorrentes de Salvador foram retratados em seus trabalhos, seja em representações históricas, em cenas populares ou até em padrões mais abstratos.

5. Candido Portinari

Carnaval, 1960, Candido Portinari

O artista ficou muito conhecido por representar as festas populares do interior do estado de São Paulo, principalmente as festas juninas e alguns rituais religiosos – procissões e missas –, mas também abordou a folia do Rio de Janeiro, com a obra Carnaval, de 1960. A pintura meio abstrata, meio figurativa, mostra o desfile de um bloco carnavalesco na capital fluminense, com elementos típicos da cena – músicos, fantasias, uma porta-bandeira e as tradicionais baianas.

6. Hélio Oiticica

Parangolés, 1964-1979, Hélio Oiticica

Um dos artistas mais importantes da história da arte brasileira, Hélio Oiticica sempre teve uma relação muito próxima com o carnaval, principalmente depois do estreitamento de sua relação com o morro da Mangueira – o artista inclusive se tornou passista da escola. Os seus parangolés surgiram também dessa conexão. Quando Hélio tentou apresentá-los pela primeira vez no MAM do Rio de Janeiro, na abertura da exposição Opinião 65, foi proibido de entrar no museu com outros passistas para realizar a ativação. No final, Hélio e os membros da escola ocuparam o jardim e o vão inferior do museu, em uma grande festa afrontosa à rigidez da instituição. Em 1980, ano de sua morte, o artista propôs Esquenta pro Carnaval, no Morro da Mangueira, sua última obra.

7. Guy Veloso

Desfile da Escola de Samba Portela, 2007, Guy Veloso

O artista paraense retrata em fotografias cenas de êxtase e penitência, liberação e contrição, com belas imagens saturadas e cheias de movimento. Seus principais objetos de pesquisa são as festas populares, primeiro de Belém – como o Círio de Nazaré – e depois nos demais territórios brasileiros – como o Carnaval no Rio. Além disso, Guy também registra com maestria rituais religiosos de matrizes afro-brasileiras, arquitetura popular, espetáculos de dança, sempre focando no corpo, no transe, e na transformação.

8. Beatriz Milhazes

 Using Walls, Floors, and Ceilings: Beatriz Milhazes, 2016

Suas pinturas coloridas e floreadas já evocam a tropicalidade e a luz singular do Brasil. Mas no saguão do Jewish Museum, em Nova York, a artista realizou uma instalação especificamente em homenagem ao Carnaval, festa que marca anualmente sua cidade natal, o Rio de Janeiro. A obra em questão evoca grandes lustres, ao mesmo tempo que cada objeto brilhante e reluzente remete os elementos decorativos dos carros alegóricos usados nos desfiles das Escolas de Samba, nas fantasias dos foliões e na ornamentação dos bailes e festas.

9. Evandro Teixeira

Chico Buarque desfilando na Mangueira. Rio de janeiro, 1989. Foto de Evandro Teixeira.

Um dos maiores nomes do fotojornalismo nacional possui uma trajetória de quase 70 anos de atividade. Responsável por várias fotos da primeira página do Jornal do Brasil, no qual dedicou quase 50 anos de sua vida profissional, Teixeira é o autor da maior parte dos registros de todos os eventos históricos do Brasil desde a segunda metade do século XX, como o golpe militar de 1964, diversos Jogos Olímpicos e Copas do Mundo, a visita da Rainha Elizabeth e do papa João Paulo II, entre tantos outros. E é claro que alguém com o olhar tão atento às manifestações da nossa cultura não deixaria passar belíssimas cenas de carnaval.

10. Rafael Bqueer

“Boca que tudo come”, 2022, Rafael Bqueer

Nascida na capital paraense em 1992 e drag desde os 16 anos, Rafael Bqueer tem ganhado destaque como grande nome da performance nacional. Seus trabalhos, que permeiam temáticas sobre política, gênero, sexualidade e decolonialidade, partem de grandes inspirações do universo das escolas de samba e da cultura drag. Isso porque ela não apenas tem grande admiração pelo evento, mas também porque já trabalhou profissionalmente nos bastidores do carnaval e, inclusive, desfilou pela Escola de Samba Grande Rio no ano passado.

11. Mario Cravo Neto

“Carnaval”, Mario Cravo Neto

A essa altura você já deve ter percebido que a maior festa popular do Brasil foi excessivamente documentada pelos melhores olhares nacionais que temos. O fotógrafo que possui suas produções nos maiores acervos do mundo é reconhecido por abordar em suas imagens temas como a natureza, a população da Bahia – sua cidade natal –, o candomblé e outras religiosidades em geral, mas evidentemente não é uma exceção do nosso time de célebre fotógrafos que registraram o carnaval em imagens sem floreios.

12. Bárbara Wagner e Benjamin de Burca

“Faz que vai”, 2005, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca

A dupla formada por dois grandes nomes da produção audiovisual artística, produziram a obra acima, cujo título é inspirado em um dos passos do frevo, ritmo carnavalesco que surgiu nas ruas do Recife no fim do século 19, a partir de respostas do povo às marchas militares. Por isso, a obra, apesar de trazer uma alegria contagiante, evoca uma ideia de resistência.

13. Ana Beatriz de Almeida

Sacrifício Ritual, 2018, Ana Beatriz de Almeida

Depois de uma longa imersão no movimento social de povos de matriz africana e da experiência enquanto passista da Escola de Samba Vai Vai em 2017, a Ana Beatriz cria a performance Sacrifício Ritual. A obra foi produzida com base no método N’gomku, técnica corporal criada pela performer após mais de uma década de prática em Butoh – dança que surgiu no Japão pós-guerra –, e baseada nas tradições de morte das comunidades do Baba Egun e da Irmandade da Boa Morte.

14. Cartiê Bressão

Carnavais artificiais, 2023, Cartiê Bressão

Como teria sido o bloco da bauhaus no carnaval carioca do começo do século passado? Como seria se o pessoal de “Guerra nas Estrelas” desembarcasse no carnaval carioca dos anos 1960? E se o cineasta chileno Alejandro Jodorowsky viesse passar um carnaval no Rio? Essas são algumas perguntas que o carioca Pedro Garcia, mais conhecido como Cartiê Bressão, faz e também responde em seu perfil @carnavais_artificiais do Instagram. Sendo ele publicitário e fotógrafo, Bressão já registra as festividades carnavalescas há anos, mas recentemente se lançou ao desafio de se aventurar nas criações de Inteligência Artificial. Ele usou ferramentas como o programa Midjourney – que cria imagens a partir de descrições textuais – e, em seguida, fez mais ajustes para chegar ao resultado desejado, com programas de edição visual ou outros que também usam a I.A., como Dall-e.

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